Mostrar mensagens com a etiqueta Malárias. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Malárias. Mostrar todas as mensagens

16.8.11

escolhas - choices


Carros alemães, mulheres romenas, comida portuguesa,
vinho francês, festas espanholas, casas italianas,
música inglesa, morangos de sintra, combustível marroquino,
cebolas de chaves e alhos de alhos vedros

Filipe Elites

16.6.11

Condicional duma História Mais Longa

e se abandonar o nosso lar contrafeito
deixarei rastos da minha carne no hall do elevador
lunático e definhando caminharei as ruas sem ver o sono
como um cachorro rejeitado que lambe as chagas provocadas
pelo mijo seco dum leito passado

Filipe Elites

28.5.11

Bless the System

Entre fotocópias enfrentas a vida
contribuis pró orgulho da empresa
e no pó te espera um terno e um sapato
é teu conforto do dia a dia
o trabalho que te absorve a energia
o corolário de uma vida de estudante
o construir duma reforma segura
e de apartamento em apartamento às de subir
talvez um dia um ecran plano
e vives um sonho de autocarro
bendizes o governo e segurança social segura
e se à noite tiveres fome
sempre tens a gravata ou o jornal distribuído
no metro
lisboa empresarial acolhe
de braços abertos do teu cristo
mais um seixalense aflito
lisboa dos ministérios frescos
acolhe mais um camponês afoito
vinde todos enrascados de vendas-novas ao magoito
vinde oh moçoilas casadoiras
conhecer empreendedoristas de barba azul
vinde oh bimbos de gel no cabelo
vinde conhecer a glória da empresa
e abençoai o sistema
no silêncio da vossa kitchnet
abençoai o sistema

Filipe Elites

Gado Velho

lá onde os homens nascem de badalo ao peito
e as mulheres de novas balem como cabras
entre os monturos brutos do granito preto
desceu um dia a torrente da lama danada

depois de séculos de sentimentos acerbos de glória
chegou enfim o momento da cegueira
em que loucura dá os passos derradeiros
e a ebriedade do coração, mata qualquer réstia de razão
e as mãos calejadas de sangue
afagam o rosto das crianças esfomeadas
e saem para a labuta numa outra madrugada

Maria Vouga

26.5.11

Chelas City

Chelas que te esfumas
entre baldios com teus prédios anónimos
toda cruzada de largas estradas
mesclada de tantas raças
tanta ignorância em tuas avenidas pardas
Oh cidade cinemática sem horizontes
onde estão tuas quintas
quem rebentou teus antigos muros
abandonaram-te os eremitas
secaram tuas árvores de fruta

Filipe Elites

25.1.11

Santo

Todos os benefícios somados segundo as respectivas intensidades subtraídos de todos os malefícios deixaram-me de bolsos vazios de ponta de orgulho ou recordação prazerosa que me alegrasse. Passei a degustar com felicidade as maiores provações e angústias e o meu peito encheu-se de melancolia e suspiros. Passei a vaguear entre os baldios conversando com os anjos do Senhor e praticando a renúncia. Alimentava-me de raízes e bebia dos lagos poluídos nas redondezas da grande cidade.

Filipe Elites

3.1.11

Descorrimento Final

acordas no carro, através do volante o sol nasce
em teus olhos e carregas no acelerador em direcção
ao precipício, (prepúcio arregaçado carícias?)
é tão fácil ser estúpido deixar a última gota no pano
no vinho benvindo, (infindo, enfado?)
fotografo as filhas do vizinho
(um suspiro?)
um copo de água e bochecho, talvez puxe um escarro
caio pelo precipício e principio um novo percurso
regressivo, tropeço em todos os escolhos (do meu futuro?)
e engulo todos os momentos do meu passado que não cheguei
a viver e afogo-me num presente que não deveria (ter acabado?)

Filipe Elites

8.11.10

Cartilha Maternal

Tem que ser um bocado cabrão. Algo que desperte. Uns clips pornográficos.
Uma provocação dos instalados. Um safanão na filha do colega.
Uma javardice com as crenças dos pacíficos. Uma granada deitada ao lago dos patos.
Ou diria, ou melhor falaria, ou passaria eu por um outro sistema de ver a realidade.
Encarno? Primeiro descarno. Dobro. Rasgo. E fodo.
E alivío oh se alivío!
Que o cadáver já boia no rio. Tingindo as margens dos humores de putrefação. Tingindo as margens onde as pobres mulheres entre os canaviais lavam as camisas dos maridos…

Filipe Elites

16.10.10

Engates

dá-me as chaves deixa que te aparte desse momento
dá-me as chaves do teu silêncio
impertinente almejo o teu segredo
dá-me as chaves do teu apartamento

Filipe Elites

21.9.10

Electro Poportuguês

Para uma renovação do electro pop em Portugal
Integrando valências do Grime, Dub acente nos valoress clássicos do Dance-hall e derivantes do Disco sobretudo a versão Italo.
Cantão alemão / Italiano

Uh nhaf nhaf zu
Uh nhaf nhaf zu
Irg lhaf lhaf ver
Irg lhaf lhaf smer
I never break mirrors

Som som som intenso tom
Rum rum rum fill the room
Tum tum tum bato coraçum
Como com cum a tensum

ANAGRAMA
ANAGRAMAS
ANAGRAMASME
ANAGRAMASMEL
ANAGRAMASMELANCIA
ANAGRAMASMELANDCIANETO

Filipe Elites

Ale e Ele e Ela

Ele bate ela sai
Ele corre ela cai
Ele toca ela vai
Ele coça ela ai...

Ele chora ela ri
Ele troça ela a ti
Ele droga ela sim
Ele moca ela ri

Ele choca ela em si
Ele choça ela aqui
Ele goza ela ali
Ele louva ela alá
Ele implora ela dá

Filipe Elites

Elektro choque

Bizarre pizarro
Sonhos matam
Batatas matam
Ruas matam
Famílias matam
O dinheiro mata
Drogas matam
Alcool mata
A pátria mata
Escola mata
Tou ma cagar
Vai-ta matar
Ciganos matam
Preguiças matam
Sujar matas mata
Comer demais mata
Tudo demais mata
Sonhar mata
Tou ma cagar
Vai-te matar
Não te me esqueças.
Today i didn’t take the bus
Indecisions and perplexion
Froze my steps people
Door and I just do nothing

Filipe Elites

Just Fucking Tell Me What To Do

Electro shock

Nemátodos
Richtig Oder Falsch

Bla bla bla da cla mitá
Faq faq rag ma grasca la bita
Ssa ssa sol ep tadrá clash crack mitash

Fra fra bra ma la drap
Papcrag da mast xa la fae ah fae ah
Umblap catrá bap ba la bap bap bap

Ras ras ras ars ras ras
Ras ras ras rsas ras rasgás palavras
Gásgás gás gás gásgás gastas palavras
Pá áp pá pápápá pá pá para com isso pá pá
Just fucking tell me what to do.

Som som som intenso tom
Rum rum rum fill the room
Tum tum tum bato coraçum
Como com cum a tensum

Horen Antworten
Arbeit Lehrerer schue ich heisse
Abendessen früshtucke
Stunde es regnet tut
Mir leide lielings sind
Zeitgeist

Einkaufen mit dem rad
Ge+mach+t
Perfekt
Sehr Gut

Fernsehen
Matharbeit
Eine stunde – durante uma hora
Ich heiβ Francisco. Ich bin 28 jahre alt.
Ich habe eine Hund.
Meine eltern heiβen Francisco und Paula

Losango amoroso
Um estúdio em malta                   uma palhoça em Capri
9400 Merdapíxeis

Passadiço não pissadaço
Passadiço não pissadaço
Passadiço não pissadaço
Passadiço não pissadaço

Buncker em neuchatel

I’ll keep dancing on my own
I’m not the guy your taking home
I lost my faith in science
So I put my faith in me
Make it out on the train
Got this little girl singing
On repeat in my head

Filipe Elites


2.7.10

Premeditação

Sou o ex-presidiário
Liberto à sombra do muro
Num escaldante dia de Junho
Trouxa vazia ao ombro
O que é que eu faço?
Já tou às portas da cidade
Algo me diz que me afaste
E o corpo que esse se cale
O que á que eu faço
As estradas refletidas
Nas lentes poeirentas
E as canções das cigarras
Secas na garganta
O que é que se faz?

“Stick it my veins”

Filipa Elites

11.6.10

Desabrochar

Medrou nele a veia poética. No dia em que teve de escrever um requerimento ao reitor do seu estabelecimento de ensino a fim de que lhe reavaliassem um exame, aí, foi o flagelo da lógica que despontou. Na manhã seguinte tendo sido acordado pelo avô jazendo ébrio ensopado em vómito à porta do elevador do prédio esboçou uma máscara de sofrimento, aí, despontou dionísio.

Filipe Elites

31.5.10

Questões de Género

A besta bonacheirona à segunda tentativa logrou conquistar a beldade envergonhada da sua condição social. A submissa. Aquela com que vários homens sonharam e preteriram por não trazer vantagens financeiras. É uma bela moça. O bonacheirão já fora casado com uma gordita que ao sentir-se instalada começou a expandir-se dentro das licras e a descurar a frondosa penungem que então lhe começou a vicejar na papada do pescoço tendo numa fase final encapelado em forte barba.

Filipe Elites

25.5.10

Fertilidade

Pelo carinho que a viu empregar
Na ajuda da criança desconhecida
Que resolvia os deveres no ondear do autocarro
Instintivamente compreendeu
Que a rapariga não poderia ter filhos
E se entregava com todas as potências

Fervilhou no rapaz o amor de compaixão
E deixou arrastar-se pelo olhar
Dom da infertilidade mais fértil.

Filipe Elites

19.4.10

Amor meu amor

Querida acordei em agonia de febre eram 3 e 33 de encharcado suor
Dei por mim sem ti sem teu robe de cetim acetinado e tua pele pelos 50 soprada
E caía caía dum balão sem ti caía de roupão vexado pela população
Que gozava com meu brasonado roupão de turquesa e pelas ligas das meias
E caía e caía e na queda envolvido pela espiral das nossas vidas
Quanto interesse mútuo quanto conforto o aroma do meu cachimbo
Tingia a paisagem de câncro amortalhado no teu cabelo negro recém pintado

Filipe Elites

14.4.10

A Importância do Toque

Aparência da aparente suculência do fruto
Esfuma-se ao toque polvorento
Fruto esboroa-se a imagem da grossa maçã
Encarquilha-se em crosta velha

Filipe Elites

15.2.10

Pedagogia

Virou-se para trás e esmurrou o puto. Pumba, pumba, pumba. Sangue no vidro e silêncio – sinais exteriores de mudança no semblante ranhoso. Por o dentro o consolo do enquadramento pessoal num papel social de encarregado de educação como justificante. E para sublinhar o papel formativo prenhe de razão volta-se, o braço direito agarra a cabeceira do banco, o rosto sereno e assesta-lhe um soco na testa. A paz interior sussurra-lhe “a vida não está para brincadeiras”.

Filipe Elites

Convento dos Capuchos

palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...