11.4.22

Convento dos Capuchos

palmas das mãos nestas pedras de musgo

afago o teu fôlego neste claustro oh Deus

do fresco da capela me arrepia o teu sopro

do teu clarão no lago me faço cego

 

teu corpo eremitério por matas desterrado

passo a passo entre as celas escondidas nas rochas

na clausura do espaço os ombros curvados

no granito sepultado capuchinho me torno

 

todos passos que os monges aqui rezaram

e por esta cruz que marca o tempo no pátio

ao silêncio impoem-se o abandono, viva pureza

 

foi revigorada a fé em pedra e arvoredo

ruina de bordão bem cingida a pobreza

o sacrário na serra teu divino segredo

7.4.22

Guanches

 por meio de sonhos, clarões e gestos

surgimos da sombra das cavas junto ao mar

vamos de latina conversa pastoreando

as ondas do mediterraneo em bando

 

deleite nos reguardamos nas calcárias

sentados crostados na seca aresta da pedra

vagueamos num bafo de sol e salitre

flutuamos nas ondas de calor severas

 

com a delicadeza oleira dos brutos

viramos folha a folha em busca da lagarta

ingrata que nos destrói a plantação

 

esquecem ossadas entre calhaus surdos

os longinquos romanos de quem nao falamos

descendo a escarpas na ponta do bastão

Convento dos Capuchos

palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...