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17.8.11

Abraço Fraterno


pensava como sempre pensava
que fraterno é mais que fraternal
assim como tempo é mais que temporal
a diferença entre o ser e o modo
entre o que está na essência
e uma certa forma de agir
algo que permanece e faz parte.
sabendo que as nossas acções
podem esconder uma outra intenção
enviei-te um abraço fraterno
mais forte que fraternal,
ainda que só escrito já que
não cheguei a sentir o estreitar
dos teus ossos enormes,
na esperança de que sentisses
mais calor, pelo menos na minha intenção

André Istmo

28.5.11

Oh vós que pendeis desse lado da amurada

Oh vós que pendeis desse lado da amurada
do  oceano atentai na nossa pequenez
Oh vós postados nessoutra quina Atlântica
senti como o meu amor é extenso
e mareia nas margens do vosso quintal
em ondas sopradas do meu peito amazônico
e em lavrada poesia lusitana me expresso
a língua em que me melhor ecoa a saudade
a mercadoria que a vossas altezas envio
meu ouro, prata, canela e pimenta
feitos amor na imensa distância

Brás

26.5.11

Arquitectura Celestial

Perturbo-me diariamente com a derrocada do meu edifício espiritual uma bela pérgola delicada com um toque romântico plateresco mais preocupada com o aspecto exterior que com a fortificação de alicerces ou o amuralhamento protector contra as adversidades intrusivas do mundo. 

André Istmo

25.1.11

Prece

Invoco as constelações e todos os deuses
de religiões postergadas para que assolem
nossos beijos e que incendem nossos corpos
preencham de sentido nossos silêncios
e afoguem as negras comuns memórias

André Istmo

3.1.11

Mementum

os risos de crianças no jardim
um arranque frigorífico, um bater de asas
o som do suspiro-tédio
um enjôo de melodia
um temor perante o desperdício
duma vida
um desejo súbito de descer um rio
perder o pé sentir na cara a chuva
sentir o ritmo do corpo a enregelar
e aspirar profundamente a eternidade
sem sair do sofá

André Istmo

25.11.10

Retábulos

Somos o retábulo por demais macerado
Dos roxos nacarados do veludo mais ráfio
Perdem-se os passos nos ecos secos
Do canteiro mal assente e sem pedra de fecho
Oh oráculo sem sentido que nos arrebatas
Ao fundo dum poço ao centro do pátio
Em-nós, onde nos afogamos paladinos sem Senhor

André Istmo

8.10.10

Oração da Manhã

Arrastas um terço das estrelas
Do céu com o teu cabelo
E lanças os meteoritos sobre as nossas costas
Entravamos no oratório ainda
Sonhava o melro gemendo entre a geada do jardim

André Istmo

26.7.10

Há Correspondência Com

Há correspondência com a linha Amarela e com a Linha de Si...

Tua linha amarela...
Tua linha ama...há correspondência na tua linha
Tua linha é minha correspondência...
Há desistência na tua...
Correspondência na minha independência
Há linha na tua respondência...
Há resistência na tua correspondência
A minha linha é a amar. Ela
A desistência tem correspondência com a tua linha

André Istmo

4.7.10

Lições do professor Jurado

“Podemos ter um encontro com um amante e na manhã seguinte acordar com a sensação de que fomos enganados pelo demónio.”

“Podemos ter a impressão sensacional de uma vingança voltar-se contra nós. Sentimentos e contra-sentimentos.”

“Podemos buscar um sentimento de culpa dilacerante e encontrarmo-nos emersos em perdão.”

“ Todo o tipo de pactos com entidades espirituais desde a consciência pessoal, aos espíritos dos autómatos asiáticos passando pelas forças mais frequentes referênciadas em livros conhecidos arrastam a entidade da pessoa.”

“As pessoas admiram quem se enfia por túneis ou zonas labirínticas.”

André Istmo

12.5.10

Na Minha Cabeça

Acordo-te para que saibas sou eu
Na minha cabeça
Abro-te os dedos em confirmação
Na minha cabeça
Quando invado as tuas
Vestes e desembainho o mar
Mergulhamos nos drapeados dos cabelos
Na minha cabeça
Onde a nobreza do linho esvoaça
E rasga o vento sem conserto
A fibra do espírito novo

André Istmo

8.5.10

Semana-silêncio

Retro-iluminadas fábricas de escândalo-halogéneo
Da penumbra-vergonha da noite dominical- pecado
Com teu fumo-lento onde pedalas próxima semana-silêncio
Silêncio


André Istmo

4.5.10

Oh Mãe Fermosa

Oh mãe fermosa que do alto do monte
Nos sorris gloriosamente solicita
Amansa a fúria dos homens que a ignorância
Os olhos dos teus filhos tolda

E se a aparência do podre fruto é louçã
A alma estende a mão ao demo
E a criança dança e dança
Liberta-nos antes que nos afundemos

André Istmo

14.4.10

A Glória é o Peso do Ser

Secreta utilidade
Olhos teus alqueires da glória
Aliviai-me do lastro da imundície
Com vossas mãos peneirai o joio
Com mão branda não
Com a mão firme calibrai a essência Oh
Argêntios dedos bisturis da aparência
E se da podridão inerte
Fluir infrene quiser a paixão...não
O permitas
Se ao menos nos ameaçassem
Os cactos ou as fauces da cascavel não
Tomai-lhe o peso
Mas no vosso Coração

André Istmo

23.2.10

(Se) Despertares

A segunda voz é um coro esganiçado   A primeira é cantada por quatro raparigas polifónicas

Enleantes forças sedentas da noite Serpentes negras

Estrafegam os brandos corpos Lassidão sepultada inerme
Tu Brilha dá luz Pisa com força a terra
Tu grita às turbas As veias lavradas de brasas
Enlameadas no fundo dos poços Lama lama lama
O turbilhão serpentino de ferinos Rachando as almas
Dentes rasura os colmilhos à realidade Violação das fontes
E é vê-la desdentada incapaz de se alimentar Vagos horizontes
Míriades de archotes marchetando a escuridão Negros Montes
Galvanizam os cegos com a Nova Luz O isco rebenta o Céu da boca
Ergamos ao final do dia os bastiões da fome Rebelião Garbosa
Dessedentados na Luz destrinçaremos a realeza das coisas O brilho da Rosa
Enquanto uma criança mija na fornalha da mentira Lamurienta partida Lira

André Istmo

18.2.10

Funeral

Dez vezes sufragado o corpo

Cessou por fim a chuva
Uma última palavra
Trovoou fora da eremida
Libertando a mirra do peito
No chuvoso lagedo
Reflexo do céu em luto

André Istmo

17.2.10

Cerração


Todo o mal radica em falsidade.
O mal pelo bem. Diluição. Cerração.
Perfuração. Queda. Satisfação Selvagem.
Aguentámos o discurso da ética até à exaustão?
Acordamos de noite com o relinchar
aflito dos cavalos no estábulo?

André Istmo

3.2.10

Indefinidamente

O que é que nos preocupa?
Estamos preocupados com alguma coisa?
Talvez seja essa a primeira preocupação.
Saber o que nos ocupa o pensamento emergente.
Deverei fixar o objectivo do meu olhar? Ou deverei
Desfocar os olhos e distender o tempo de urgência
Indefinidamente?

André Istmo

27.3.09

Adoro Te Devote

Adoro-Te com amor, Divindade latente
Sob estas espécies de veras presente
Dou-te o meu coração inteiro
Em tua contemplação desfeito

Dou-te inteiro o meu coração
Desfeito em tua contemplação

André Istmo

Corcel de Fogo

Oh corcel de fogo oh corcel de fogo
abandonas as brasas do rosto
do puto envergonhado

as crianças acolhem com entusiasmo
a noção de simetria
grita-lhes dentro a verdade
alistam-se pela justiça
choram do sarcasmo
até verterem em lágrimas a liberdade

André Istmo

23.3.09

Cão de Caça

Fiquei triste e melancólico
Convencido
De não ter correspondido
Aos sentimentos
Que provavelmente pensaste que eu teria.
E ainda agora choro
Se me ponho a recordar
Todas as vezes que não soube corresponder
Com o calibre certo de alegria ou
Entusiasmo que esperavam de mim.
Mas isto não é escrever que o bom
Cão de caça não corre movido pela fome.
Oh! Que vontade de te abraçar
Com mais força.
Lembra-me da próxima vez
Que nos virmos.

André Istmo

Convento dos Capuchos

palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...