19.7.07

Apesar de tudo nunca se falavam

Apesar de tudo nunca se falavam, numa mistura de respeito pelo adversário, desprezo altivo, provocação e incapacidade de estabelecer pontos de contacto. Assaltavam-se mutuamente com perguntas inconsequentes, como quem lança palha numa fogueira, tentando que a amizade pegasse, mas ardiam rápido deixando tudo preto e poeirento.
Nenhum dos dois compreendia bem o outro. Os encontros fugazes não ajudam as personalidades fortes a adaptarem-se. Por vezes olhavam-se com um sorriso envergonhado. Tentavam rir-se, com pouco jeito, das piadas um do outro porque não queriam submeter-se um ao outro, coisa que um riso verdadeiro provavelmente provocaria. Isto é falsidade?
Talvez se sofressem juntos por um mesmo objectivo se tornassem amigos... mas será que não têm nada em comum? Claro que sim, e no entanto...
Aqueles outros dois dão turras um no outro como se fossem matrecos. À sua volta deixam um ambiente pesado...

Filipe Elites

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