13.7.07

Com o Espigão da Lareira

Com o espigão da lareira rompeu o cabedal dos sofás,
Abocanhou um resto de peito de peru frio.
Barrou o cabelo com manteiga e saiu à rua,
Partiu como um louco em direcção ao rio.

Conteve-se para não gozar com um polícia,
Chutou com força um cagalhão ressequido.
Saltaricou como uma criança Avenida da Liberdade a baixo,
Fazendo barulhos de motores com a boca insano.

Batucava nos caixotes de lixo abandonados na noite,
As luzes cintilavam nas suas lágrimas incontidas.
Gritou como um bêbado quando pensou que estava só,
Algumas pessoas recebiam um grande sorriso outras o seu rugido.

Na sua agonia espalhava as entranhas pela rua da Madalena.
-Por quem chorava ele de amor?
Que alegria atingiu este rapaz?-
Andou de gatas e de rastos na Praça do Comércio.

O cansaço físico esborratou-lhe os sentimentos,
Um traço grosso de melancolia rasgou-lhe o peito.
Sentiu o cheiro e embalou-se nas ondas do rio.
Tentou vislumbrar o futuro com os olhos,
Só viu o negro da margem sul.

Chutou uma ratazana para dentro do rio,
Gritou “puta”.

Mandou uma mensagem a várias pessoas.
E continuou o seu passeio desvairado até de manhã,
"Quando a mente acalma e o corpo morre com o calor do Sol".

Zé Chove

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