Continuam as festas lá em baixo na aldeia,
olho, completamente parado, a alegria lá no vale,
aqui do alto parece um inferno de fogo e sombras.
Oiço os cantares através dos urzais,
o crepitar do fogo e o som de segredos suspirados no escuro,
trovas do tempo dos reis instrumentos ancestrais.
Choram de medos e tradições.
Cheiro de comidas simples, envoltos no húmido das serranias.
Ninguém me é estranho conheço-os todos,
até os de fora que vêm em busca de amores.
Sou o único que ficou em casa,
até as crianças dançam à volta da fogueira.
Sinto o peito vibrar de emoções antigas,
o homem velho quer ir dançar,
bato com o punho violentamente na mesa,
fui me deitar.
Zé Chove
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