16.7.07

Olhei à Distância

Olhei à distância.
Olhei ao longe através da noite,
Um quarteirão compacto e familiar dos anos 50.
Aqui bem perto o som de carros numa via rápida,
Deixando um rasto sonoro,
Marcando o compasso da cidade.
As luzitas das salas de estar apelavam a um silêncio,
Calmo descansando nos sofás,
ou roçando algum cortinado de tecido pesado.
Naquela outra sala os clarões intermitentes denunciam algum filme noturno.
O céu da cidade qual gorda nuvem laranja,
com laivos de verde nas bordas é um edredom que nos cobre a todos.
Por vezes surge algum vulto lânguido em contra-luz
nalguma janelita refundida,
sugerindo historietas noturnas de almas movendo-se na solidão.

Mais pessoas passavam nos carros acelerados
com objectivos rápidos de alcançar,
ou simplesmente perdidas sem sentido,
hipnotizadas pelos rastos de luz dos carros da frente.

Na rua aqui em baixo as árvores dançam,
levemente acariciadas pelo vento fresco da madrugada.
Fecho a janela bocejando...como serão os meus sonhos?

André Istmo

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