Três serpentes dançavam paralelamente na pedra,
com uma rapidez mortal agitavam as suas cabeças.
Na sala iluminada de archotes ecoaram os passos descalços duma dançarina.
Vinha desenfreada de cabelo solto,
na mão direita um cálice,
despejava vinho na boca que escorria pelo peito.
Sons de violinos eufóricos hipnotizavam as paredes.
Atirou o cálice contra as serpentes que bufaram de raiva.
Bateu as palmas por cima da cabeça em delírio,
deu piruetas frenéticas e lançou-se por cima das víboras derreada de olhos extasiados.
As três serpentes escancararam os dentes e morderam-na em três partes,
uma no rosto, outra no seio, a última no calcanhar.
Morreu de olhos abertos e rosto afogueado de paixão louca.
Zé Chove
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