3.10.07

Labrego envinhado

Labrego envinhado em pulmão de cimento,
Escarro persistente de tez macilenta,
Rumo incerto vida cinzenta,
Vícios baratos, bafos intensos.

Apodrecendo em vinha d’alhos,
Jazia podre em terrenos de taberna,
Sonhava de olhos abertos,
Baba loira pendendo senil.

Todo o desconforto, num rosto de êxtase, (num sorriso aberto)
Navegava bem longe do boteco,
Galhardo em areias do oriente.

Olho inerte, o bicho borrachoso treme ,
Capto um suspiro de vida surdo como um eco,
Saiu para o frio da noite arrastando um pedaço de gente.

Zé Chove

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