“Não vás, não vás, não vás”
crianças demasiado novas
O choro de mães
Neste século os homens voltam a partir
em busca de virgens ilhas
mares de liberdade
cadelas assanhadas na praça pública
rosnam estúpidas ao cruzeiro central
Tribulações, vagalhões, remoinhos sentimentais
fossas tenebrosas
calmarias pestilentas
galgam novas áfricas, novos brasis
aterram já velhos
onde está a doçura da partida?
Destroços boiam esfiampados nas margens
não conseguem atracar
Tudo são sonhos
o passado é pesadelo uma desembarcada encarnação
os remos golpeiam o mar
são portas a fechar, são portas a fechar
vangloriam-se da troca
a Costa de Prata pela Costa da Malária
Descobrem a Ilha dos Amores
Um vento laminar arrasta
pedaços de carne nas ruas
sem vida ruas sem casas
só o vento
o pó e cães escanzelados
lambendo repugnados
bifes crus
bolos de sangue
polvilhados de terra seca
revoltos pelo vento
Lúcio Ferro
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Fiquei maravilhado com o vosso estilo. Deveriam dar uma olhada a este blog
ResponderEliminarwww.canaldepoesia.blogspot.com
Continuem o vosso excelente trabalho.
João Melo