Os muros sombreados, a água calma e o sol devorador, a intimidade e a mistura entre trabalho e lazer. A mata, o pomar, a casa escondida com o jardinzinho de recepção em frente, a seara de novo envolvida pela mata, os caminhos claros curtos de terra batida, o cantinho das ervas aromáticas e medicinais o recanto predilecto das senhoras. O pequeno coberto de sombra fresca o banco corrido e o som da água a pingar.
O jardim é consciência da paisagem. É vislumbre do belo através dos olhos de um povo. O nosso jardim é pleno de intimismo, franciscano na austeridade. Criador de oportunidades de encontro. A natureza é actuante não é paisagem.
Conheces o país onde floresce o limoeiro?
Por entre a rama escura ardem laranjas de ouro,
do céu azul sopra um arzinho ligeiro
eis que se ergue a murta calma, olha o altivo louro!
Conheces?
Oh! Partir! Partir!
P'ra lá contigo, Amado! oh! quem me dera ir...
As paisagens em Portugal são ricas, diversas, imbricadas, promíscuas. O desenho dos nossos jardins é rico, desregrado mas não aleatório, é caprichoso. O nosso jardim é ser e estar. Juntamos o útil ao agradável. A atitude contemplativa perante a paisagem é de bom português. Os jardins portugueses não são para percorrer mas para estar.
A laranja é um símbolo do jardim português – sempre foi uma das nossas maiores fontes de riqueza.
O nosso jardim é chão.
A matriz da horta é transformada, evolui presa a questões práticas e as pessoas enriquecem o espaço, tornam-no agradável fazem o seu jardim. Horta, pomar e mata estão sempre presentes só a região dita as diferenças. Os espaços são separados por muros ou buxo e cada espaço tem uma porta, uma entrada. Fazemos a desmaterialização dos muros de suporte, assim fundem-se com a natureza, no sul com azulejos e no norte com sebes, mas não topeamos as sebes.
As arquitecturas de prazer são espaços de estar e usufruir. No jardim funcionam como rótulas ou elementos articulantes entre os vários espaços. As casas de fresco e os sítios para sentar.
Os percursos da água e os caminhos ligam os diferentes espaços e estabelecem eixos de composição dos espaços. Água utilizada de forma clara, calma, natural, sem teatralidades, com carácter funcional. Por vezes temos os percursos demarcados com as latadas. Não precisamos dos artefactos espectaculares dos jardins do norte da Europa cá o espectáculo é a luz do sol e a riqueza dos espaços feitos como cada um gosta...
Orlando Tango
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Já tínhamos saudades!
ResponderEliminarParabéns ao Orlando Tango pelo lindíssimo texto. Sou estudante de paisagismo e tive a curiosidade de conhecer um pouco sobre jardins portugueses. Nunca vi nenhuma fotografia de um deles, mas pelo texto sublime me vi descansando em um e contemplando suas maravilhas.
ResponderEliminarPeço apenas, a possibilidade de conferir se as imagens formadas em minha mente chega perto da beleza de um desses espaços de bem-estar e aconchego, paz e poesia.
Poderia publicar ou enviar-me uma fotografia de um verdadeiro jardim português?
Meu e-mail é mgmezzacappa@hotmail.com
Parabéns e obrigada
Magda