21.1.08

Spazzatura III

Língua gretada e pustulosa
orgulhosa e cheia de sangue

Fuça de porco entumescida
roxa e saturada de micro-veios palpitantes

Gorgulhos na virilha-assada ______sorolho
lodaçal de pus onde cândidos bambis
dessedentam a sua sede de saber

o mar enchendo com fúria as covas e os poços dos rochedos

Oh anormal engoliste uma granada
Boca do Inferno

Amendoeiras e rouxinóis

Craquelette de caganeira
dissolvendo-se em lagos azuis de ácido

conversas bafientas de gordos rosados
sob as dificuldades da vida no caminho pró trabalho

distanias tristanias dinastias
D Afonso Henriques
D Sancho I
D Afonso II
D Sancho II
D Salazar
D Soares
D Solares
D Sanzala
D Sancholas
Infante=Não Fala

Choros lancinantes de ciganos
Bafos de mijo seco
napron de bosta escafiada
bajulador oleoso
laranjas podres nos sovacos
saliva sulfúrica
e cáries barradas de merda
sopa de pescoços de cadela jovem
e unhas de galo
risos temíveis de africanos treinados para matar
há muito sem nada para fazer
O escroto assado
incisão da crosta – antro de larvas suadas
dançando ao som da sanfona
ralos repletos de esterco empapado
barrigana com pregas exalando chulé
podridão fecal fétida
charuto ensopado de vómito bilioso
criatura de dois tóraxes
e ente os dois uma cordilheira óssea

Toscano Tucano Texano
Melíade Dríade
Vidro Cinzazul fulvo
Noigandres – d'enoi ganres

Almofadas de cinza de tabaco
e mijo de gato
alcatifa com ácaros da geração passada

Jezebel Crown
Diadem frown

O poder da novidade
a capacidade didáctica da experimentação
para ele a experiência e a busca constantes
de algo mais belo funcionam e têm bons resultados
...as cores podem ter vários significados
dependendo fundo ao qual se sobrepõem...

Quando estamos desesperados
falamos com uns anjos
e deixamos que a melancolia nos invada
não somos nenhuns santos

Lavramos o solo
em busca de novas palavras
em vão busquei consolo
em terras de mal dizer e escárnio

::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Em vão fugi do teu olhar
só me deixou mais intrigado
meu coração não parou de saltar
na dúvida se de mim terias gostado

mas em vão voltei a olhar
teus olhos resguardaste em mistério
e uma ânsia louca de os beijar
osculare oculus tuus desiderio


como o amante pressente
no escuro a sua amada
como vê o escultor no ar a forma
como vidro visto debaixo d'água

Não consigo coordenar as duas mãos
não tenho um comando central
os pés não seguem o rumo
que apontam os olhos
.................................................................
A levada fresca d'água
com fundo de areia purificada
nas margens canaviais de vento
em que se escondem as rãs

e na curva onde transborda a água
está deitada Ofélia
à sombra do grande carvalho
de olhos semicerrados

Quem conta a sua história?
Será prazer ou sofrimento nos seus olhos?
Será que espera alguém?

Será que dorme?
Será louca?
Estará morta?

:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Cajarana
salafrário
rançoso
Carnocho
crápula
cafageste
judiador
usurpador
calinas
bisnau

Oh ignorância opaca
-O homem é racional?
“Hei-de interromper os meus cálculos
a descer para mastigar uma fatia do cu do porco?”
Acabe com o apetite
e destrói a humanidade!

Zé Chove

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