Sempre achei piada – sabem?
Sair de casa sem
Dizer nada a ninguém
Abandonar os domínios
Só para abocanhar uma pita
2 graus 2º o painel publicitário
luminoso no topo dum prédio
as cancelas iluminadas por baixo
e ao longe são naves os sinais
é família que se junta à noute
debaixo das suas asas sou mais um filhote
Jerusalém na boca mais que na alma
No transistor o kizomba brama
Estranhos marulhos
Entre os arbustos
Todo o betão estranhamente
Em profundo silêncio
Mas não fiquei sossegado
E comecei a sentir-me observado
Quase todas escabrosas
Cometas na noite memórias
Kostoglotov o traga-ossos
Seres escondidos em poços
Das penumbras de grutas uma visão
Onde embatemos cegos com aflição
Fagulhas inertes em caves mal oxigenadas
Que brilham sem chamas
De casa e morri de susto
um rosto branco dissolvido no escuro
mas nas veias gelou-se me o sangue
e de alma evoquei todos os santos
tremendo mas sorrindo
relembrando o episódio agora findo
Ainda que sepultada no profundo breu
Nem sequer os anjos do céu
De Marco Íris morto na secretária
Do seu quarto
Espetada nas costas
E um sorriso espetado na boca
Paulo Ovo
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