23.6.08

Primos

Um dia de Verão o meu primo apanhou caganitas de cabra contando que seriam azeitonas.
Já ia todo orgulhoso com as mãos cheias. Os rapazes mais velhos deram conta.
Depois do jantar quando nos reuniamos para conversar gozaram até ao sangue. O meu primo fez-se forte e sorriu como um parvo. Dum canto da sala como um rato eu assistia a tudo com um misto de compaixão e raiva, sem coragem para abrir a boca.


Eu e o meu primo conversávamos até tarde já deitados só uma mesa de cabeceira nos separava e o escuro do quarto. Falávamos de tudo o que as nossas pequenas cabeças albergavam. Confidenciou-me que vivia angustiado com o relacionamento pouco cordial entre o seu pai e a nossa avó. Viviam uma espécie de guerra fria. Não se mordiam ou enxovalhavam, não. Era pior que isso. Os dois juntos geravam um mau clima.

Charles Bukowski

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