6.2.09

Síndrome de Estocolmo

A remanescente utopia Copenhaga urbana
Labirintos nas amalgamas de ciclos
Manhãs enevoadas analisando o betão
Pozolanas, aditivos, margas
Afloramentos ferruginosos

Nemésio, Sena e Belo
Pagaste dois levaste três


Garçonettes pagas a bifes encharcados em alho
No beco das traseiras
O apaziguador esse grande arquitecto
Que domina a alma de cada criança
Vareja no meio a virtude

Entre potestades velhas glórias
Teremos nossos chás dançantes
Sobre a regra da Europa
Envoltas em napa sedes bacantes
À lareira de séculos atlânticos
Em Londres apoia a testa
Refastelado no Cáucaso
A corda foge do arco em tensão
Onde nos apoiamos o coração
Família Europa família sem mãos

Gravidade-electro-magnetismo-fortes-fracas-plasmas-bozões-z-w-itch
Poço-infinito-alto-forno-polo-aço-gusa-torpedo-escória

A minha mão os lábios o coração
Nascidos de novo dum vento novo
Dedos em gancho gravando o terreno
Segunda a nova ordem do padrão

Os lábios símbolo do recebido
E da entrega o desenho de sangue
Que sibila o sopro de vida
E infla um fogo flama infinda

O surto púrpura
Estéril de sal
Que aplaca seco
O irado clavicórnio

Desce condescendente
O mármore da verdade

Liguei-lhes a mesma importância que teriam
se fossem invisíveis a olho nu

“Porém ter feito em vez de não fazer
Isto não é vaidade
Ter, com decoro, batido
Que Blunt abrisse
Ter captado no ar a tradição mais viva
Ou de um belo olho velho a flama invicta
Isto não é vaidade.
Aqui a falha está em não ter feito,
Tudo na timidez que vacilou…”

Se bem que tu, que abriste as portas
Do primeiro círculo ao Alexandre
Saibas de gingeira que não é o espírito inflamado
Mas a carne insaciada
A fibra que apodrece na mortalha
Dos apóstatas

Orlando Tango

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