Traz enxurro
Arrastou-se gordo pelas folhas adormecidas e pela lama
Murmúrio através dos tabiques
Romperam endemoninhados
Sepulcros fora
De calva e ventre gorduroso
videira solo arenoso
cepa na areia
a parra, o sarmento, o cacho
Silêncio e humidade até à medula
A muralha exala-se em bafo
O esboroar secular das rochas
O cheiro a floresta apodrecida
Vida secreta e vida subterrânea
Tabiques escafiados
Pardacentas salas
Atrás de salas
Labirintos cúbicos de decadência.
“Cobrindo o céu uma só nuvem do mesmo cinza
Desta desolada praça de granito, uma só árvore
A humidade substitui as sombras
Um só dia, uma só badalada cai do sino”
É hoje que virão para me abater
Oiço já os seus passos e as suas conspirações
Suspiradas nas escadas do prédio
Alma de pélago
Não me vou mexer
Varra-me o temporal
Orlando Tango
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