7.4.09

O Poço Infinito

O azul corcel esbaforido
Transvaza o seu leito
As mil poças os mil tesouros de brilho

Malárias litanias

O vinho nunca é pálido
Sempre grita o espírito
Que a batalha lhe corre nas veias

A voz perturbada
Dum velho sobreiro
Gritos ecoam na pétrea biblioteca.

O peixe
O monstro marinho
Cego e cruel

Estevas odres mosto

Chove em alaúde
Adensa a bruma
Nas clareiras do tumulto
Do húmus insepulto
Humano bafio húmido

Nichos de viva treva entre as trevas da abóbada celestial

Habituados a beber o fel que lhes vem à boca

Vitrais de luz funérea

Ogiva de cristais
Sinos longínquos e construções de madeira rangendo

Abandonámos nossos ossos insepultos
Impelidos por inominável latência que nos ebulia no sangue

Destinge sonho

É preciso abalar a terra (os túmulos)
E desenterrar os mortos

O Cavername roído pelo mar das trevas

A noite como uma camélia gelada
A abóbada da noite
Do tamanho do silêncio
“mensurada só pelo silêncio”
A gota de vermelho – açafrão que
Tinge toda a água

Orlando Tango

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