Magoa pensar no tempo passado, tanto desperdício de horas. Não precisávamos de falar e não falámos, mas o olhar, sim o conforto vem do olhar mais que da palavra e se não nos apercebemos dum brilho ainda que fugaz é porque morreu.
Sentados no sofá lado a lado assistiamos ao cair do tempo nas partículas de pó que dançam nos feixes de luz. Apredendemos todas as estrias do veludo do sofá, no fundo a única rectidão confortável. Explico, não existem vidas canalizadas, fluímos a céu aberto como as águas pela montanha, a cloaca máxima comunitária fede.
Eternamente contemplamos um corpo, durante a eternidade que em dadas alturas nos sufoca a lei da carne. Orgulhosamente cravamos os troféus no nosso peito desnudado, consagramo-nos com a efusão de sangue na solidão das altas montanhas do Orgulho. Humildemente permitimos que se dessedentem nos rios do nosso sangue sacrificial.
Ao final da tarde arrastamo-nos até à cozinha que o ventre reclama, o fiel revoltado. Que simplicidade admirável não tem o estômago dirão alguns, para outros é uma criança caprichosa.
A materialidade da casa acaba por ser o emboço do nosso caráter: aqueles azulejos, aquele tapete, determinada pedra, a largura das janelas... A cozinha é um Fogo, o fogo do lugar, não um Fogo como o da Sala. O Fogo é o crisol da tradição.
Uma chaleira enegrecida, umas mãos que remexem os tições directamente, um sopro que aviva as chamas.
A ressonância do sino ao longe. Irrompem as Vésperas.
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Convento dos Capuchos
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