22.2.10

Sancta Sanctorum

O beco sagrado da alma
Inundado pela luz do lampião
Sob o reflexo noturno das janelas
Quebradas dos prédios devolutos
Reverente avanço de pescoço vergado
Profundamente devoto
Vinte pisos ao alto a abóbada da catedral
Tingida de vermelho pelas luzes da cidade
Ecoa as minhas orações como um coro
De gatos esfomeados na libação do sangue
Morno no arame farpado
Suspiram beatas as ratazanas nos recantos
Das capelas laterais expiando as faltas
Em lágrimas vertidas em borbotões pelos boeiros
Defronte do retábulo de tristes nichos
Vãos negros como bocas lamentosas onde
O vento chora nas lassas cordas da roupa
Ergo o olhar sem fé ao santo dos santos
Onde esvoaça um lençol esfarrapado
E à luz de enfermiças velas
Se esfuma a tua silhueta.

Tomás Manso



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