Abandonado pelo mar que me rodeia e esmaga, perante tamanho silêncio de que me adianta a resignação? Não será a mais subtil forma de orgulho? O mar é uma besta. Não quer saber só tem ouvidos para a sua mãe a lua.
A barba ensopada no fundo dum casco. As costas cravejadas de mexilhão e lapas. A voz deu lugar a um roar que galopa das infinidades da alma e só sabe pedir perdão. O peito curvado como uma vaga que se engole a si mesma escondendo do sol a sua interioridade. O abismo do espírito negrume do peito onde voam os monstros marítimos. Saciado no meu fim te agradeço oh pai oh mar!
Paulo Ovo
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