Myriam et Mamadou
Guitarras dolentes africanas
O som das guitarras insinuantes africanas na tenda inicial da feira do relógio.
Mon amour ma cherrie
IARN – instituto de apoio ao retornado nacional...
Um homem da banca da fruta na feira do relógio contou-me a história da sua deserção durante a guerra do ultramar. Na altura refugiou-se numa aldeia zulu que o acolheu. Lá viveu 20 anos até ganhar coragem para voltar. Tinha medos das represálias pela deserção. Na altura nem soube bem quando terminara a guerra.
Agora gosta de tentar advinhar de onde são os pretos que vão lá comprar fruta. Sente alguma cumplicidade com eles. Eles nem por isso.
Quanto tempo pensamos que nos levam a perdoar? Quanto tempo leva um país a esquecer que existimos?
Não será o melhor perdão que se esqueçam de nós? Quando é que um país volta a abraçar os milhares que transgrediram a mesma cancela farpada que nós...
Na ânsia do esquecimento que a náusea por vezes provoca no diminuido.
Deuses Lares a quem se oferecia o fogo. O fogo que não podia extinguir-se pois era a chama dos antepassados o sacramento do passado que deve ser honrado.
Um beijo pode ficar marcado na consciência como um acto impuro durante toda a vida e isso é bom. Talvez sejam os melhores beijos...
A memória do gesto brilha como um diapositivo recordado às escuras projectado no silêncio do nosso quarto. Não te esqueças.
Nicolau Divan
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