Falava com pausa e sensualidade como se tivesse a boca cheia de rebuçados, “diamante” ácidos que se vendiam nas casas cafeeiras. Costumava entrar numa dessas casas na Av. De Roma. Sentia-se aconchegado pelo aroma do café. As altas portas de vidros cristalinos e molduras de madeira escuras separavam-nos dum mundo de prazeres coloridos e aromáticos, eram como as portas dum santuário e cada prateleira como uma minúscula capela absidial repleta dos seus santos e mártires. O tecto era alto. O palavreado ronronante e insinuante do Sr. António funcionava como um lenitivo, uma compressa balsâmica sobre os sentidos.
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