...mudamos de pele como as serpentes e por vezes passamos de cão a urso, de koala a escorpião, de borrego a cabra ou de cavalo para burro.
Sempre nos acautelaram a que não andássemos sozinhos pelos corredores da mansão. Nem sequer para ir à casa-de-banho. Alguns jovens distraidos separavam-se dos colegas enquanto conversavam no átrio e desapareciam por anos. Reapareciam esporadicamente com toda a naturalidade e tomavam cafés com ar divertido e pio. Voltavam com um olhar rejuvenescido como se a adolescência não os abandonasse e convidavam os amigos a entrar nos corredores frescos da velha casa.
Nicolau Divan
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