Sala dos brinquedos na longinqua manhã
de madeira onde escorregam os raios de sol
nas latas, nas vidraças, nos piões e no carrossel
venezianas que despedem o pó dos anos
trespassai a minha infância de luz e sombras rectas
e que as andorinhas de Verão pintem negro
o meu céu de criança
de gatas no soalho da sala de brincar
o olhar vago pousando em tanto tempo
e os sons do campo através da janela
oh vizinhança oh vizinhança
Oh poço de roda em que brinquei
Oh doces figueiras aromas de menino
oh paredes brancas e telhados em brasa
nunca mais depois de voz tive férias
e aguarda-me agora uns passos à frente
o alcandorado branco entre os vultos dos ciprestes
dos Prazeres meu cemitério
Oh descanso eterno que eternidades nos levas a alcançar
vinde aqui mais pró de perto
avivai nossa vontade de chegar
Zé Chove
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