16.8.11

Carne de Cavalo


Vera faca no pescoço do meu cavalo
que o Verão ao início aprazível
trouxe com o tempo a seca de estio,
e meus 8 filhos tenho de alimentar

e ele que trabalha mais que todos
quando sol vai a pino alisando as planuras
espalha agora seu borbulhante sangue
e rondam negros os urubus nas alturas

encho de morte minhas terras
um sulco por onde um dia correu água
divide como a arado meu peito
e irriga meus olhos de mágoas

Nem o carinho da mulher adianta
nem os risos dos filhos esquecer
seu resfolgar cansado seu relincho
e a sua carne estrafega-me a garganta

Raimundo Nonato

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