2.6.12

Sesta na Favela


Eu moro lá no alto da babilônia
entre ruas estreitas onde se perde a memória
os sons dos vizinhos cada vez mais próximos
os conhecidos vão entrando sem cerimónia

Tanto aperto ameaça meu pudor
zonzo do ziguezaguear das ladeiras
o almoço, o sol da tarde, afogam, torpor
o som da cidade ao longe e o zumzum das varejeiras

ando em pé mas durmo já esta sesta
cada passo um peso nas pálpebras que se fecham
cada passo mais alto e do sol próximo

afasto a paisagem e bebo sôfrego a sombra
da entrada de casa um sofá de favela
estirado entre morros de preguiça bela

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