2.8.12

Escadas


eram escadas sem fim até onde agora eu estou
entre pátios interiores marfim no seco das infâncias
olhadas inertes lá trás nas escadas da cozinha
que dão para o quintal todo enxáguado de armários
ao final da tarde quando sobes a escadaria de madeira
para tomares o banho antes da janta e interiormente
sobes outros degraus que ninguém vê que hão de
levar-te longe uns degraus de pedra que sobes
de mansinho por entre os ramos da casa de hera
os degraus são os livros da biblioteca bafio range
plangem os degraus porque perdeste a ligeireza
da vara de vime chumbo denso das escadas que
ecoam por entre as chapas metálicas que desaguam
no saguão toda aberta de escadas a noite espumante
tilinta de cristal em cristal fragilmente a escada
em espuma desce alegre de copo em copo de corpo em corpo

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