a pedra fecha com pedra a gruta a
lama
cega os rumores surdos do lavrar das raízes
cada vez mais profundo ecoa no
poço
o gotejar esquecido no escuro sufoco
frio húmido calabouçoo
perfeição do
silêncio imutabilidade milenar
beleza sem ar
congelada escarpada
e dura a
rachadura
o hiato do que ficou por preencher
o equilíbrio exato
das forças sem
força que o pó domina
que a larva carcome
que o sol ignora
e a chuva devora
em
soluços de vácuo e tédio secular
perturbado
um peito de terra
um folgo minério
um templo litostroto onde vagueiam toupeiras,
cobras, escorpiões, centopeias,
morcegos, ratazanas e salamandras
todos cegos os animais mais perfeitos
um silencio que reverberae transborda e se encapela
feito um mar de invisíveis ondas
turbilhonadas em espirais de subtração
alimando e aguçando as superfícies do nada
a clivagem da perfeição
é perfeita a harmonia conservada pelo milénio
desaba e rui por um desiquilíbrio
emocional um desequilíbrio
de forças no ar retirado após a decomposição
duma pata de barata um estertor
ribomba uma tosse seca arreganha-se
torna-se violenta
arqueiam-se as costas e tudo rebenta
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