5.7.13

.-)

a pedra fecha com pedra a gruta a lama
 cega os rumores surdos do lavrar das raízes
 cada vez mais profundo ecoa no poço
 o gotejar esquecido no escuro sufoco
 frio húmido calabouçoo
 perfeição do silêncio imutabilidade milenar
 beleza sem ar 
congelada escarpada 
e dura a rachadura
 o hiato do que ficou por preencher
 o equilíbrio exato
 das forças sem força que o pó domina
 que a larva carcome
 que o sol ignora
 e a chuva devora
 em soluços de vácuo e tédio secular
 perturbado
 um peito de terra
 um folgo minério
 um templo litostroto onde vagueiam toupeiras,
 cobras, escorpiões, centopeias,
 morcegos, ratazanas e salamandras
 todos cegos os animais mais perfeitos
um silencio que reverbera
 e transborda e se encapela
 feito um mar de invisíveis ondas 
turbilhonadas em espirais de subtração
 alimando e aguçando as superfícies do nada
 a clivagem da perfeição
 é perfeita a harmonia conservada pelo milénio
 desaba e rui por um desiquilíbrio
 emocional um desequilíbrio 
de forças no ar retirado após a decomposição
 duma pata de barata um estertor
 ribomba uma tosse seca arreganha-se
 torna-se violenta
 arqueiam-se as costas e tudo rebenta 

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