Estávamos
viajando pela Europa havíamos parado num oratório duma cidade bela, mas pouco excitante
do interior italiano e rezávamos. Havia peregrinos no salão passando como
silhuetas em frente à luz forte que entrava pelo portão lateral até que entrou
a minha irmã madalena que apesar de não nos vermos à dois anos depois de um abraço
esfuziante pela coincidência de nos encontrarmos ali tudo voltou a ficar igual
como se nunca nos houvéramos separado. Ela vinha com um grupo de numerárias de
que eu tentei guardar a vista. Vieram chamá-la para uma visita guiada e ela ia
sair sem levar a mochila e a maquina talvez se fiando na honestidade que as
religiosas supostamente têm. Eu levantei-me e obriguei-a a levar tudo alegando
que os italianos são gatunos como os brasileiros e que não se lhes pode
oferecer oportunidade que eles aproveitam logo fui ríspido na reprimenda e fui
afastando-a da capela para não incomodar a Michele que
rezava de joelhos.
“Uma cagadela catedrática foi aquela que efetuei em
cambridge depois de uma semana sem evacuar por andar em turismo” aflorava-me...
Quando chegamos ao pátio que era um plátano obsceno
no centro dum alargamento da estrada de terra que levava ao mosteiro passou bem
devagar para não levantar pó um conversível com os meus pais lá dentro. O meu
pai com suas espessas sobrancelhas numa blusa tipo lorde sorrindo com os olhos
rasgados e a minha mãe de óculos escuros fumando com um olhar distante perdido
na berma da estrada não se dando conta de que ali estávamos até que o meu pai a
fizesse levantar os olhos espicaçando-a com um enigma qualquer. Uuuhh gritou
ela dando uma última passa bem puxada e envolvendo-nos num abraço de fumo
baixando a cabeça para que a beijássemos na testa.
Eu e a Michele
casar-nos-íamos na Suécia e precisávamos da autorização do rei sueco. Depois de
me enrolar um pouco na burocracia sem nada ter resolvido,
para desespero e irritação da Michele, passei a incumbência para o meu pai que
depois de uma inércia inicial lá foi aos guichês competentes agilizar o
requerimento e ali mesmo foi buscar ao porta-luvas cheio de orgulho o documento
com selo real
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