Antes do barco andar parece que os pilares de
madeira da plataforma se movem para cima e para baixo, ao sabor das ondas, e o
querer vê-las paradas (que é como realmente estão) dá-me enjoos... o forçar da razão
sobre o que nos diz os sentimentos, transportei o diferencial das duas apreciações
para dentro do corpo e já sentia o meu mar interior encapelar-se e certamente
teria vomitado se o barco não tivesse arrancado e o diferencial da brisa não me
tivesse enchido a cara de frescura afastando a náusea e os grossos pilares de
madeira brancos e amarelos do porto agora à distancia bem firmes contra as
cabriolices das vagas. Estávamos em tempo de ressacas marítimas e o barco
parecia provocar e arrastar consigo grandes ondas que rolavam pela noite como uma
parte subaquática e orgânica do barco como se debaixo da nave a propulsão fosse
feita por grandes tentáculos. Sentia-me nessa noite à beira de desejar o
suicídio...
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