toda esta poesia é como uma matemática
compacta, ordeira e exata
ode aos passos certos
que se dão através da mata
quando se está com medo do escuro
e o corpo reage como uma máquina
e os pensamentos disparam
libertos
da força da cotidianiedade que nos constrai
que nos castra
e os efluvios liquefeitos sobre a caruma
nossos olhares cegos prescrutando as cegas sombras
refletem os monstros que cá dentro
guardados em dias de outono
de tardes de infância sem fim
que ainda hoje nos alembramos
em que a consciência se nos ofereceu pedrada
Se ando nas solidões onde andaram os monges e os pastores
sinto algum calor e medo espiritual
Andando nas solidões por ninguém cruzadas
sinto o medo do desconhecido feito animal selvagem
e é nessas paragens do medo
que pretendo criar os meus filhos
A casta dos poetas dos castros
abandonados, dos passos perdidos
do Oeste a leste, dos jazigos vazios
e das bocas de cinzas...
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