26.9.20

Bairro-de-lata

 Esculpida a morte sob o escopo da agonia

Nascem do Centro da praça Avenidas de marquises

Féretros de evisceras urbanas à janela

Vogam monges de vergonha ensarapilhados

 

Nos passeios nossa fé muda as placas toponímicas

Mas eis que numa cortada resvalamos nos baldios

Roçaga tijolo contra tijolo assente no lamaçal ferrugem

Latoaria labiríntica e ratazanas e vida! - ah e Vida

 

Risos de crianças vibrando no arame farpado

Cheiro a sopa concreto mal amanhado

Tudo a palmo tentemos ordenar um templo

 

Fundam-se as luzes caia a noite a acendam as fogueiras

Restos de pneu, lascas de bidon formando um altar

Sangue suor e grita a chuva em bença lágrimas

Rugosidades

Sobes e deitas para trás o olhar mais largo

Como homem que o trigo lança de esperança

Constróis muros e armazenas o passado

Em talhas de penumbra vertes a obra

 

Decepas os galhos da árvore morta

Deixa-la sem forma lisa sob teus calos

Escorrega lhe a alma ao tronco sem casca

O remorso  aplana o passado  

 

Por isso me acolho nas covas de teu regaço oh terra

Sorvo as papas da malga torta de barro

Agarro-me e rumino nestes tristes pastos

 

De que adiantam paredes se a terra já está rasgada

Não te dissolvas bruma densa nuvem   e esconde meus covões

Manta de vergonha engole as desilusões

Convento dos Capuchos

palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...