6.1.21

pálpebras são de tecido de escroto

Pálpebras são de tecido de escroto
Os olhos semeiam as vistas 
E as sobrancelhas pubianas alteiam
A verticalidade pilar do nariz

A boca quando faz bico não cheira
Tão mal e se se alarga pornograficamente
Expõem é vísceras e escorre 
O bedum acumulado em teu cérebro

Que é um estômago que tudo devora
Sem dietas ou restrições

Arquitetura em Curso

Alarga à porca ó tira linhas
Deixa lha boca espirrar
E nas voltas do compasso
Dá à bola uma coroa solar

Troca ó rigor pela fúria 
Deixa paixão arriscar
Pelo vegetal tão seco
Sobre o estirador a sangrar

Faculdade ao sonho corta
Com exactidão miopia
Os laivos e os ardores de criança
Amputa e embossa a alegria

Quebrá mesa de luz
E ao escantilhão a x-acto
Abre a dentadura
Traça as linhas tortas do desejo
Dá geometria à tua amargura

2.1.21

Escorre o sangue do sobrolho em meticulosas crostas

Cristaliza os padrões

Com que se partem as coisas

O gelo em que se quebra o vidro

As lascas dum tronco rachado

Os sulcos com que o coração é lavrado

 

E como fluem sobre as quebras os líquidos

As geadas sobre o veio granito

O trovão pelas nuvens caindo

Por entre os dedos o passado

 

E se há fogo, prego ou linha

No crisol ou ponta de agulha

Que ajuntam e conservam tantos pedaços

 

Não há choro baba ou ranho

Num colo, ombro ou abraço

Que arribem o corpo  esgarçado

Convento dos Capuchos

palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...