18.7.07

Procura

Procurei Prócoro por toda a parte,
Com o coração preocupado,
Trepei duras escarpas de granito,
Na orla das florestas embrenhado.

Desesperava de amargura por não te encontrar,
Cravei as unhas na nuca do desespero,
Será que deliro.

Revolvi os trastes do meu quarto,
Procurei os teus trilhos, os teus rastos,
Perdido por trás de cada tronco,
Perigos trança prosélito próximo próprio
profundo progresso partiste cripta cruz
cravado crosta quebra macábro broca marcas...

Carlos Marques

Cansada#3

Mais uma volta neste carroussel.

Lúcia

Loucura_10

Vem manda-me a baixo,
Vem destrói o meu mundo,
Estou louco eu sei.

Manuel Bisnaga

Novos

Correndo descalça pela relva enquanto o sol se punha,
Ainda somos novos mas já andamos de transportes públicos,
Chave no bolso desde os doze,
Poupando para comprar a guitarra,
Mas vem o fim de semana e lá se vai a guita.

Madalena Nova

Tenho Cerveja

Tenho cerveja suficiente para um mês no frigorífico,
Se quiseres podes ficar em minha casa.
A tv cabo está paga, não tenho telefone,
A praia aqui ao lado, vai estar de arromba.

Já te vejo louca depois do banho,
Sentada no sofá de entrada à minha espera.

Manuel Bisnaga

Disco

Tipo, estilo, cena do género,
Fútil, perfume, couro, pele.
Cabelo solto, preso.
Luz noturna de Lisboa.

Vamos de carro pra disco,
Tremendo de ansiedade,
Vamos correr o risco,
Esquecer num momento a cidade.

Cores, batidas, sensações,
Beleza, álcool, desejo,
Vivo o momento afogado,
Na loucura do imediato.

Aqui nunca me verás chorar,
Aqui só me vais ver dançar.
Vou pular de alegria animal,
Amanhã será outro dia.

De vómito de dor eu sei,
Mas agora sou o rei.
Grito alto explosão de felicidade,
Amanhã morro perante a verdade.

Madalena Nova

On the Mix

O único som que precisarás de ouvir é o meu suspiro,
Atravessei apressado o Areeiro olhei lá em baixo a Alameda,
Caminhei rápido para tua casa tremendo.

Violinos gordos bem alimentados,
Choraram com rasgos a tua partida,
No meu peito um violoncelo soou grave.

Diniz Giz

Cheiro Enjoativo

Deitada no sofá no seu vestido rosa bem roliça,
A casa quente da lareira,
Exalando um cheiro enjoativo a plantas secas.

Subimos pelo telhado em plena Alfama,
lá em baixo brilhava o Tejo.
Um dia virás até mim em sonhos,
Vejo a tua sombra a toda a hora.
Oiço a tua voz sempre que ligo a rádio,
Preciso da tua carne.
Beijar o teu peito,
Apaixonado quente de amor,
Abafo as tuas bochechas desesperado,
com medo de te voltar a perder.

Lúcia

orações

Um tigre rugia no meio da selva irritado

Vivia no interior de um frigorífico desligado

Compunha peças de música pimba

Fumava para esquecer o fanatismo dos selos


Madalena Nova

Criança Perdida

Criança perdida chorando inconsolável,
Na beira do molhe, à noite na praia.
Escondida no frio da sombra dos candeeiros da marginal pública,
O sol à muito que já se pôs no coração jovem abandonado.

Paulo Ovo

Barca

Calma lenta - quem disse que esta barca nunca mais navegaria -
Subiu mansamente cada onda rasgada pelo brilho da lua.
Vai sozinha em silêncio mar a dentro, com a rede recolhida,
Ninguém a comanda vai ao sabor do vento.

Lúcia

Gata Saltitando

Gata saltitando de telhado em telhado na noite,
Patinhas frias, corpo quente,
Vagueavam na noite perto do rio.
Miavam raspando o lombo nas árvores,
Cravadas as unhas na terra.

Madalena Nova

Rock_8

Néons rasgando o céu, a minha mulher é a melhor venha conhecê-la,
Crianças na tv apresentando o noticiário,
Supermercados de inutilidades,
Alguns chorando pelos cantos querem o fim do mundo.

Venha conhecer o prazer mais recente do nosso estabelecimento,
Morte arrastada pelo vento ,
Mentirosos aplaudidos na praça pública correm nus,
Quando virá o fim do mundo?

Gordinha do basket vai fazer-me feliz,
Banhinhas fofas e pegajosas,
Sida, sida, nos seus lábios
Não interessa só quero a diversão imediata.

Vasco Vides

Estreito Zen

Estreito é o caminho entre as varas verdes.

Filipe Elites

Consul Tora

Trabalho agora é a sério,
Vou partir a loiça toda,
Ninguém me agarra,
Vou rebentar.

Filipe Elites

Gritam por Liberdade

Gritam por liberdade, corroídos pelo ódio,
Ignorância triste desacatos de criança,
Apelam já roucos pelos seus direitos,
Coitados corroídos sem fé.

Angústia raivosa que pulsa com qualquer carícia,
Sentem-se bem numa certa imundície de raiva,
Não querem a paz querem a paaaaaaaaaaaaaaazzzzzzz,
Uma paz gritada borbulhando de violência.

Oh como é doce o orgulhosamente sós,
Não sei bem o que procuro,
Mas deixa-me explodir de raiva.

Brás

Doce

Doce mãe porque choras tão dolente?
Se fui eu, diz me qualquer coisa.
Se não paras pode ser que também chore,
Tenho pena por te ver assim aflita.

Diz me mãe como te posso consolar,
Estás tão longe tão bonita,
De rosto glorioso lavado em lágrimas,
Prostro-me de joelhos sem saber o que te dar.

André Istmo

Alpendre_4

Lavada era como estavas,
Ainda fresca a cheirar a sabão,
Esperaste por mim ao sol junto do estendal.
Misturando o teu cheiro com o da noite e o do jantar,
A lua já subia quando te segurei por trás,
Beijei a tua face tenra e bem cheirosa.
Dançámos lentamente para casa,
A mesa montada no alpendre.

Zé Chove

Tentei

Tentei segurar a rápida queda,
Ajuda-me por favor,
Caiu desamparado sem rede.

Henrique

Sou o Rapaz

Sou o rapaz da terra das sombras.
Poemas de paixão que não dizem nada,
Palavras bonitas coladas pela sua beleza.
Sou uma besta de merda,
Poemas de rua assentes no macadame,
Palavras negras cravadas na realidade.


Mário Moscva

Acabou de Chover

Acabou de chover, o sol brilhou,
Cada brilho deixava um rasto até aos meus olhos,
No silêncio matinal senti a tua falta.
Puro amor, puro ódio,
Pura destruição, pura criação.

Lúcia

Duas Notas

Mergulhado no silêncio que lhe havia de dar a morte.


Valsinha noitinha.


Diniz Giz

Cocei a

Cocei a garganta sofregamente com um som de estertor,
Mexi os lábios mas não sai nenhum som.

Brás

Passaste

Passaste sorrindo brejeirona,
Pelo meu pensamento distraído.

Filipe Elites

Açores

Entre florestas subaquáticas, trespassadas
por raios perfeitos de luz solar,
Senti uma paz inesquecível,
O azul intenso e infindo envolvia-me.

Madalena Nova

"Back Alley" by Anne Hart

17.7.07

Castelo Abandonado

Castelo abandonado no alto do monte,
Pedras vazias em silêncio,
Ao longe o mar num raio de sol,
Suportado por urzes raquíticas.

Muralha de força abatida pelo vento,
Rochedo calado pelo chilreio dos pardais,
Aspirei profundamente o cheiro,
Urzes mar pedra terra história guerra e paz.

Estás morto no pó da solidão,
Ossos negros cortam o meu horizonte,
Dentro de ti me vou esconder,
até ao dia em que o sol não nascer.

Brás

Complicações Venezianas

Complicações venezianas,
Corríamos com a boca cheia de esparguete á bolonhesa,
Por canais fétidos sob o sol mediterrânico.
Alguém gritou “arriverderci”.

Ri-me bêbado e cuspi sarcástico “ciau puerco”.
Arcadas de são marcos alagadas,
Chapinhando de calças arregaçadas,
Fugimos loucos de mota de água.

Na Ponte das beijocas, fui contra a pança do Pavarotti.

Mário Mosca

Morremos

Morremos juntos naquele acidente.

Zé Chove

Voz Roufenha

Voz roufenha de canhão,
Longas batalhas atrás das costas.
Deitado com o nariz perto da tua pele,
Aspirava o meu bafo devolvido encorpado com o teu cheiro.

Chorámos agarrados um ao outro sem nenhuma razão definida,
Só a certeza da dor.

Brás

Convento dos Capuchos

palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...