10.9.08
Memórias do Sanatório
oh colorido Dão
encantam-me os sons
de vossas águas
mas não mergulho não
entre vales abruptos de granito
2 pontes entre nós e o infinito
fluem os dias fluem os rios
num ritual antigo
fluem aulas
escorrem as palavras
os risos e alegrias
o sol varre as sombras dos dias
e contemplando à hora do terço
os mistérios de tanto esplendor natural
os carvalhos os penedos
pássaros e insectos
e nos perdemos
na espiral
duma teia duma aranha desenhada
na abóboda celestial
poderíamos ser tentados
a pensar que de ano para ano
está tudo igual está tudo igual
e ensonados nos banhamos entre dois rios
o filosofia e o teologia e há quem fale ainda do pavia
emersos num turbilhão de conceitos
flutuamos entre emanações de imanentismo
e mergulhamos nas profundidades do ser
e quase já sem ar
os pulmões oprimidos de tanta excursão
os membros cansados de tanto rir
despertamos cada um na sua terra
com uma doce canção nos ouvidos
oh sombrio Sátão
oh colorido Dão
ss águas passam
mas o sonho não
Orlando Tango
Cit - #23-a. odbl JM-1978- AD_DG
The program for this evening is not new
You've seen this entertainment through and through
You've seen your birth your life and death
You might recall all of the rest
Did you have a good world when you died?
Enough to base a movie on?
9.9.08
Inclino
Sílabas assentei-as sossegadas
Lado a lado alinhadas paralelas
Bastiões de xisto ferrugem lascas
Espartilhei a natureza em talhões
Ortogonais rasguei rectos caminhos
Forçando serras urzes aluviões
Lavrei a verdade em palavras minhas
Oh preguiça que afogas os desígnios
Semeias a discórdia no império
Vacinas o terreno de cizânia
Exangue me exijo sem jactância
Inclino contra as em forças declínio
Um homem morto de alma poeta
Nicolau Divan
28.8.08
Existencialismo Crítico
Dizer o que são as coisas?
Negar a existência?
A incapacidade da definição
Um vórtice branco em permanente movimento
Infuso nas coisas
Já na noite nem flúi o rio
Mas divido o vento segundo a segundo
E adensa-se o frio
E penetramos a água com nossos ramos
Vivemos materialmente vivos
Mas vemos nossos reflexos
Na superfície espelhada do rio
Definha o risco em brilho curvo arisco
Suspiralívio o novo início
Gemendo
O galho que se partiu.
Zé Chove
Mais Meditação Mística
Entro o abismo branco e o abismo vermelho
Caminho na helicoidal fímbria que os mistura
Desisto de andar resplandeço de tontura
O silêncio de ouro encharca-me de medo
Filipe Elites
Oi de mim!
Afasto o ombro à trajectória
Do velho em peito cheio que sai de mim
Se vou falhar encolho os olhos
Afasto meu bafo afoito se mofam de mim
Tenho a auto-estima escatimada só
Pelos escolhos da vida em mim
Nicolau Divan
Pensamento Moral
Agoniza envolta em transparência
A transparência vertiginosa da aragem
A da água que agudiza o gume
Que divide alma em lento lume
A flébil superfície moral
É emulsionamento do espírito
Melodioso de melífluo mel flutua mole na libido
(palavra feminina?)
Abstraia a mosca do maldito caramelo
Mas não a mate
Tenha vergonha abstenha-se
Destilado em tanta clareza
Talvez seja divisado
E escondo gemendo como as gentes
E bento me sinto iludindo transparente
Lúcio Ferro
Éden
Também somos esse Gan
Não tem de correr a fonte
São necessárias as árvores de fruto
A fonte ao centro do jardim murado
Ínflasse a analogia
Transborda a realidade do cálice
Enche-se de aromas o jardim
André Istmo
CIT - 23 - ELIOT
we have lost in knowledge?
Where is the knowledge
we have lost in information?
T. S. Eliot
27.8.08
Superfícies
A rosa roda volteia gira e afunila
A roda a moda
As essências o ouro
O diamante
A carne ao abrir a porta
O luxo o relógio
Segundo o belo
Não serve de nada
O dinheiro o fresco
Montra de superfícies
A pela a marta a água o rímel
É tarde é tarde a sociedade
La suciedad
A novidade
Conjuro o requinte
O tesouro a foto a foto e a foto
Seguinte
Desmedidamente no mundo me afundo
Madalena Nova
Arrebatamentos Místicos
Guardo o brilho latas e vidros
Num recanto resguardado na estante do meu quarto
Na escuridão escaravelho descanso cego
De ânsias com ânsias de criança anseio
O recorte a sorte aquela parte
Da tarde em que o sol mais arde
E a sua saia saraiva de esguelha e espalha
Faíscas esfiapos faúlhas e farpas de luz
Aplanando os planos banhando as paredes de branco
E num momento a sombra dos recantos
Do meu recanto empurra
Trespassa de cor e água as vidraças
Gonzos espalhados de anjos tantos halos
Reflectidos nas garrafas frias
E grossos frascos de gelo frácteos
Explode um lago em sol fulmina a fonte de fotões
Festa alegre flores festões
Rendas de luz em folhos molham as sendas
Emersos frondam os olhos submersos
De lágrimas fisiológicas incontidas patológicas
E um sal de sol aguado na saliva
É onda profunda mandriona
Afundado num edredon
O peito de ser em vento satisfeito
Vento de lento alento acalentas o pranto
Pronto vento que arejas a areia da praia
Com sopradelas desmazelas os cabelos das donzelas
Ouves e escondes nas florestas as conversas
Impetuoso imperas à chuva imensa
Enfunas os vestidos no estendal e amparas as aves contra o sol
Varres oh vento as folhas às árvores
Vagueias as veredas os verdes vales
Desvendas verdades enfunas a densidade
Crivas de raiva o rochedo na sua vaidade
Investe e reveste de vigor o teu servo
E vinga oh vento a valsa da minha vontade
Paulo Ovo
Cavadelas
Entre a hifenização do indivisível
Ou a proposição entre aspas
Dos artigos artilhando artigos
Ou a semeadura de sinalefas
Nas traseiras da folha
Tudo cavadelas estéreis
Na retina-opalina do olho menina
O nome-monumento o santo monte
Fluiu sangue água e sal eflúvio da luz do sol
Dei à costa a palavra
Nicolau Divan
Canzonetta
Um peito de ser todo sol lamento
O incremento em ouro do teu beijo
Suspiro um pó que traz eterno
Adorna a seiva o puro lírio
Lúcia
26.8.08
Zen
A cryptomeria de fuste bifurcado
Clama
Deixa-me provar dessa vida
Separada
Seca o fuste gordo
Que ribeira imersa no tempo
Me engula a memória
Esse substrato enraizamento
E diluída a imaginação
Florirá na noite o outro fuste
De auto-contemplação
Dos verdadeiros frutos
Lúcia
VII
O egoísmo imanente
Da árvore só
Devora podre o seu fruto
A pedra a noite compacta
Não o sabia
Mas não és o rio
Permaneces
Com a unção da nata
A luz, o ouro, a prata
Convento dos Capuchos
palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...
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Entre 1241-42 os mongóis invadiram a Hungria. Lamento pela Destruição do Reino da Hungria pelos Tártaros Escrito por um clérigo da época. Tu...
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palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...