16.5.12
BR 110
Benvindos todos ao barraco do amor
vão tirando as camisas
no cabelo prendam uma flor
sintam na pele as doces brisas
vou percorrer a avenida Brasil
de Iguaçu ao amazonas
por companhia os micos e as anacondas
atravesso o continente num ritmo febril
ao som do funk e do pagode
ao som do forró e do axè
maracatu no mangue
sertanejo no meu sangue
samba e xangô
vou percorrer a brasil
desço aos beijos a espinha
da minha mina
br 110 é minha vida
Onde está o Bardo
que guerra é esta sem armas
onde hei-de feri-los para que morram
que angústia é esta que me alimentam
que tentações são estas com que me calam
onde está o bardo que nos afogamos
está bêbado lá no porão
chorando velhas batalhas
com os sentidos de plantão
Post Title
corre corre entre as ruas sem luz
adivinha as esquinas no bréu
é o caráter falhado
mais um beco fechado
ouve o arrrepio dos gemidos
vindos das janelas entreabertas
sem vida
os gemidos do desespero
mergulha na cegueira urbana
atravessa a fronteira
e deita-te no passeio
com o pescoço na soleira
e sente com alivio
todo o peso da nação que estaciona
na faixa proibida
da esquina e te arrebenta
o pescoço sem que ninguém veja
partes o cordão em silêncio
um último passo rasga a última fímbria
de pele que te envolve a vida
e a espuma derrama-se em borbotões convulsos
na libidinosa língua de alcatrão
Lúcio Ferro
pingo
pingo nos tanques de água gelada
uma gota pequenina na nuca da serra
que se arrepia e solta pelos vales
as neblinas que envolvem as matas
Ohs
Eu sou a ventania entre as vinhas
eu sou o socalco da cereijeira em flor
oh passos perdidos sobre o horto
vem salvar-me oh Redentor
perdido nos terreiros
ecou-o nos vales sem chão
porque eu sou filho pródigo
vem a mim oh salvador
12.5.12
Hino
a garganta da viela sugava o tom laranja da iluminação para um negrume húmido que envolvia os passos que se vão tornando mais silenciosos quando deixam de ecoar nos muros da viela para se perderem na imensidão aberta ao espaço dos baldios. saímos do conforto urbanizado que nos encarreira o vaguear adentrando na amplidão dos terrenos selvagens, são eles que suportam a cúpula da noite, transpiram de orvalho o peso milenar das estrelas que os subjuga como a um escravo de uma grande rainha que lhe toca no manto e lhe decora a beleza distante sem nunca lhe tocar.
Orlando Tango
Orlando Tango
Petiscos
Quem consegue dormir o chinfrim
do homem do lixo às 3 da manhã
quem consegue dormir
com um corpo morto ao lado
botecos ao sul do equador
onde a vista não alcança
lonjura da selva tropical
a proximidade do que está a mais
árvores, lianas, cipós
do homem do lixo às 3 da manhã
quem consegue dormir
com um corpo morto ao lado
botecos ao sul do equador
onde a vista não alcança
lonjura da selva tropical
a proximidade do que está a mais
árvores, lianas, cipós
Fossas Marinas
antes de nos irmos quero te mostrar
tudo o que podiamos ter feito
antes das mãos do tempo nos separar
quero prencher o fosso
antes de ires
quero que saibas
quem te pariu
pra que não caias
antes que saias
quero que vejas
quem são os teus pais
e que não esqueças
quem foi a terra
se foi do ar
dentro da água
não há mais mar
A Mulata e o Tuga
Mulatinha curvilínea
vem ser minha rainha
me ensina o carioca
que eu te ensino
O luso egrégio
mulatinha linda
você me tira do sério
você me tira da linha
Filipe Elites
De Partida
Se me cheira a compaixão faço-me à estrada
nada me detem nem sequer uma lágrima
ponho os pés no chão e a vida numa mala
vou partir sem pensar adentro da madrugada
e se no nascer do sol ouvir
os lamentos esparsos da passarada
tingidos os pensamentos doutra vida
as memórias duma pessoa amada
assobiarei ao céu distraído
para afastar do coração os fantasmas
para o brasil vou partir
não me esperem para jantar
eu depois mando umas cartas
Zé Chove
nada me detem nem sequer uma lágrima
ponho os pés no chão e a vida numa mala
vou partir sem pensar adentro da madrugada
e se no nascer do sol ouvir
os lamentos esparsos da passarada
tingidos os pensamentos doutra vida
as memórias duma pessoa amada
assobiarei ao céu distraído
para afastar do coração os fantasmas
para o brasil vou partir
não me esperem para jantar
eu depois mando umas cartas
Zé Chove
Pregando
A glória derrama-se sobre os que a não procuram
Os que caminham alegres entre os fracos e esquecidos
Os que abraçam a pobreza como a um filho querido
e a alegria os envolve como uma perfeita carapaça
Sôr Flamengo
Olhar D'Onça
os olhos da onça furiosa
que agora me estão a ameaçar
se os vira naquela hora
nosso namoro nem iria iniciar
como é que tão manso olhar
respirando tanto amor
vira depois fera tamanha
quando sente o temor
Ses
oh tua poesia é só ses
como se tudo fossem indefinições
se assim não fosses
eu não teria ilusões
seriam certezas as nossas preces
e mais concretas nossas paixões
Nicolau Divan
como se tudo fossem indefinições
se assim não fosses
eu não teria ilusões
seriam certezas as nossas preces
e mais concretas nossas paixões
Nicolau Divan
Quadrilha Trovão
agarrado à àgua de cana
ensinava toda a menina
a dançar soltinha o Baião
de mossoró a João Pessoa
lá seguia quadrilha
com o fogo na alma ardendo
todo mundo dança maravilha
ronca a sanfona embala a bomba
salta larga o sertão
larga no céu o trovão
ai que aí vem a chuva
muito obrigado São João
já entoa toda população
num glorioso rojão
ensinava toda a menina
a dançar soltinha o Baião
de mossoró a João Pessoa
lá seguia quadrilha
com o fogo na alma ardendo
todo mundo dança maravilha
ronca a sanfona embala a bomba
salta larga o sertão
larga no céu o trovão
ai que aí vem a chuva
muito obrigado São João
já entoa toda população
num glorioso rojão
Loa Retirante
retirante era uma trabalhador da terra
quando a safra não é boa
o sabiá não entoa a sua loa
cantando o seu rojão o retirante
a erva cresce à toa
como se fôra da terra o sangue
fluindo em direção aos céus
em mil rios verdes de paixão
e um tio caipira meu
8.5.12
Como se uma bala me atravessasse o pulmão do meio
Vamos ser Rococós
vamos dançar num baloiço de corda
à sombra dum alto chorão
vamos ser rococós
endireitemos os bosques
de cócoras e calções
às curvas, sempre com as cabeleiras encaracoladas
Por entre as copas das árvores brilham ao sol decrépitas
cúpulas de abandonados centros comerciais
Mas havemos de pintá-los
com doces capas de açúcar rosado
chuparemos todo mau gosto das populares amêndoas
de Páscoa, que asco
Os esqueletos decrépitos das torres emergindo
de fumegantes pântanos
Os chimpanzés catando harmoniosamente o cocuruto
do meu filho cedendo para deleite da minha mulher as lêndias mais gorduchas
exibindo a sua dentadura sorridente.
O meu sogro caga num casco enferrujado
E eu meio abichanado descrevo tudo
nas minhas mangas de balão enfunadas
em tons de lilás, azul cueca e verde esparregado
vamos dançar num baloiço de corda
à sombra dum alto chorão
vamos ser rococós
endireitemos os bosques
de cócoras e calções
às curvas, sempre com as cabeleiras encaracoladas
Por entre as copas das árvores brilham ao sol decrépitas
cúpulas de abandonados centros comerciais
Mas havemos de pintá-los
com doces capas de açúcar rosado
chuparemos todo mau gosto das populares amêndoas
de Páscoa, que asco
Os esqueletos decrépitos das torres emergindo
de fumegantes pântanos
Os chimpanzés catando harmoniosamente o cocuruto
do meu filho cedendo para deleite da minha mulher as lêndias mais gorduchas
exibindo a sua dentadura sorridente.
O meu sogro caga num casco enferrujado
E eu meio abichanado descrevo tudo
nas minhas mangas de balão enfunadas
em tons de lilás, azul cueca e verde esparregado
Natural de Bensafrim
Oh bendita safra enche meus bolsos e meu ventre.
Oh céu que chova no meu casamento.
Matrimônios molhados e sopas de bacalhau suado.
Oh rita não me irrites 'stou farto de fado
Rita sinfonia incompleta e insatisfeita de experiências
musicais e delírios sexuais de câmara. indecências
Rastejo exultante com as trombas serra abaixo
brilham as luzes dos barracões onde se bebe
Quem me Rita e me enfarda o ventre não percebe
Porquê festejar o que já está morto? bebe, bebe
Oh céu que chova no meu casamento.
Matrimônios molhados e sopas de bacalhau suado.
Oh rita não me irrites 'stou farto de fado
Rita sinfonia incompleta e insatisfeita de experiências
musicais e delírios sexuais de câmara. indecências
Rastejo exultante com as trombas serra abaixo
brilham as luzes dos barracões onde se bebe
Quem me Rita e me enfarda o ventre não percebe
Porquê festejar o que já está morto? bebe, bebe
sonhos
um sonho sobre uma festa num morro verdejante, uma tenda ao alto, o casal recem casado o safadinho que se mete com ela, ela engraça o marido começa a bater e ela expulsa o marido e fica com o outro a brincarem como crianças, tudo como crianças qual é o mal...
o final termina com uma viagem de comboio voltado para o céu admirando uns reflexos de luz loucos e antigos.
e aquele sonho dos operários que construíram um empreendimento na Barra pelo qual desenvolvem tal amor tal paixão que decidem não abandonar o prédio e lutar contra os legítimos donos.
o final termina com uma viagem de comboio voltado para o céu admirando uns reflexos de luz loucos e antigos.
e aquele sonho dos operários que construíram um empreendimento na Barra pelo qual desenvolvem tal amor tal paixão que decidem não abandonar o prédio e lutar contra os legítimos donos.
queimaduras degelo
A tua pele escaldante sobre a minha mão pesada
Esconde-te na sombra do meu peito guarda-te
vamos entrar no mar e arrepiemo-nos no gelo de nós dois
Esconde-te na sombra do meu peito guarda-te
vamos entrar no mar e arrepiemo-nos no gelo de nós dois
Canção 2
Yeh yeh
um rosto carregado
yeh yeh
um rosto carregado
se a queres convencer
se a queres convencer
vende-lhe a alma
em troca do olhar
vende-lhe a alma
em troca do olhar
vai rapaz
pela noite
pela noite
vai rapaz
de alma carregada
e rosto sem olhar
Vasco Vides
um rosto carregado
yeh yeh
um rosto carregado
se a queres convencer
se a queres convencer
vende-lhe a alma
em troca do olhar
vende-lhe a alma
em troca do olhar
vai rapaz
pela noite
pela noite
vai rapaz
de alma carregada
e rosto sem olhar
Vasco Vides
Pão de Forma
O amor entre os dois começou a tomar forma. Uma forma de cama.
Uma cama atravancada de filhos e um cão pesado.
Uma cama atravancada de filhos e um cão pesado.
Post it
--Não julgo?
Claro que julgo, meu amor. Um juizo pessoal trespassado de carinho.
Porque é que será melhor julgar que não julgar?
Não estará embebido numa fragrância de indiferença a suspenção do juízo?
Será que estou a defender que julgar é bom ou será que ajuizar é o último limite que me é permitido?
Não pretendo condenar. Ou melhor condenarei apenas a categoria do acto, jamais a consciência ou a disposição alheias, compreende querida?
Claro que julgo, meu amor. Um juizo pessoal trespassado de carinho.
Porque é que será melhor julgar que não julgar?
Não estará embebido numa fragrância de indiferença a suspenção do juízo?
Será que estou a defender que julgar é bom ou será que ajuizar é o último limite que me é permitido?
Não pretendo condenar. Ou melhor condenarei apenas a categoria do acto, jamais a consciência ou a disposição alheias, compreende querida?
cançonetas
untam-se as peles suadas
mistura sensual de tempêros
no fogo ...
é um hábito que vai dando na gente
de a cada passo da vida cantar
mistura sensual de tempêros
no fogo ...
é um hábito que vai dando na gente
de a cada passo da vida cantar
amor desde que te vi
Não ferem os cornos do capricórnio
não existem mas ferem só de os ver
não perfuram os dentes do vampiro
delírio tal criatura mas arrepio só de ver
adeus que me quero ir
não existem mas ferem só de os ver
não perfuram os dentes do vampiro
delírio tal criatura mas arrepio só de ver
adeus que me quero ir
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palmas das mãos nestas pedras de musgo afago o teu fôlego neste claustro oh Deus do fresco da capela me arrepia o teu sopro do teu cla...
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