27.6.07

Stipe

Hoje sinto-me perfeitamente normal. Por incrível que pareça gostava de me sentir mal. Só para ter o prazer de desabafar através da escrita. E poder sentir aquele prazer de dizer mal de tudo, com uma boa dose de ironia.
O que será pior? Imaginem um grupo de cientistas cerca de trinta que se vão juntar a outros tantos para uma investigação. O local de encontro é uma pequena quinta com casarão antigo onde eles irão morar perdidos na mata a piscina e os laboratórios.
No primeiro dia para se conhecerem melhor os veteranos prepararam alguma coisa. No começo umas curtas palestras a dar as boas vindas, seguidas por um pequeno passeio no exterior aproveitando o sol que ainda se sentia naquela altura do ano. Para culminar uma almoçarada.
Stipe nunca soubera lidar com estas situações. Ele estava habituado a que quando ele falasse toda a gente o ouvia. Nestas festas em que as pessoas ainda não se conhessem bem, as pessoas degladiam-se para que lhes seja dada atenção. Todos querem marcar a sua posição e ficarem bem vistos.
Ora ele tinha a perfeita noção de como uma conversa dirigida por ele seria muito mais interessante. Aí pensou que a humildade era uma atitude preciosíssima. Que tinha de se impôr desde o princípio. Então pensamentos flamejantes atravessaram o seu miolo.
“Ah! Como sou humilde... se vocês soubessem.” “Cala-te imundo. Se abrisses a boca só ia sair esparregado, uma mistela inconsistente e morna! Bah! Faz-te um homem.”

Filipe Elites

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