10.7.07

As madeiras

As madeiras começaram a ranger,
correste escada abaixo sorridente,
saltaste na rua de ar no peito,
gritaste de alegria animalesca.
Cadências novas na cabeça,
não queres incomodar ninguém,
assumes o desafio do autocarro,
olhas de cima as miúdas.
O baixo sedutor fê-las vibrar,
danças ancestrais reboladas,
guitarras de bar mal afamado,
passaste loira rabo de cavalo.
Assobiei guloso rebarbado.
piscaste o olho fiquei pasmado.
Rouca mota do desejo,
acelerei sem capacete contra o vento.
A tua voz demasiado miúda,
fazia-me palpitar de desejo,
repetias infinitamente o meu libido.

Vasco Vides

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