3.9.07

uma árvore ao vento #2

o farfalhar das folhas e a renda de sol
através da tenda de árvores no jardim
desperta-me da "dormência" da tarde.
alguém se aproxima.
não bate à porta,
vai entrando.
não me queria encontrar com ninguém.
a doçura da solidão,
procurada envolvia-me.
nem sempre me sinto assim.
sempre gostei de novidades,
mas quando me deixo cair na letargia
custa-me a arrancar.

vieram propôr-me um trabalho.
construir um abrigo na serra para os pastores pernoitarem.
a serra é dura, áspera, seca.
a sua grande massa recorta
o céu com curvas gordas.
custa olhar para ela reflectindo sol em brilhos múltiplos.
o cheiro quente, dos tojos secos
acumula-se na garganta,
e a falta de sombras provoca tonturas.


Zé Chove

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