1.6.08

Morte ao Sol

Atormentámos o poeta
Obrigámos a fonte a jorrar
Sim rapaz merece ser escrito

A saudade lusitana
Símbolo de estupidez humana
Que se lamenta do tempo passado
Sem tirar todo o proveito
De alguém que já não está connosco

Eu mato as moscas
Mas deixo viver as aranhas
No meu quarto

O rio caudaloso com uma azenha
de cada lado

Quem é que
Munido das tabelas
Matemáticas deporá
O seu coração num prato
Para alimentar as víboras?

Atormentámos o poeta
Obrigámos a fonte a jorrar

Atado a um poste
no meio do deserto
vimo-lo secar como um sarmento quebradiço
todo o sangue, escorreram todas as lágrimas
secou toda a saliva e o suor das axilas
até que chegaram as miragens e a besta falou
até caírem secas as miragens
e por fim o próprio sol secou
e desintegrou-se em pó
o poste que sustinha o profeta.

Orlando Tango

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