O solitário piano chove sobre
um para-peito dum prédio cinzento
o lampião de madrugada cobre
de vastidão a rua sem movimento
cadencio os passos ao som do piano
esfumando a neblina à beira do lago
silentes passos através do espaço
misterioso hino holderliniano
entre a profusão de verdes-castanhos
dum triste e pardacento sfumato
sorriem as sementes das magnólias
do nevoeiro é parido o sol e as
notas alegres pingam do piano
quando o peito pressente o ser amado
Lúcio Ferro
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