16.11.09

Vilas e Ovelhas Ranhosas IV

Escrito no livro de contas da taberna... lido com o dinheiro. Chamaram-me o filho do Pragmatismo. Fui alcançando uma proeminência diria quase física sobre os que me rodeiam. A começar pelos meus filhos.
Pestanejo sempre que tenho de calcular trocos. Devo ficar com um ar deveras aparvalhado. O meu sucesso é a minha mulher. Se não fosse o seu jeito na cozinha à muito teria fechado as portas. “O segredo está em não mudar o óleo”.

Recolha de escritos avulsos feita por um louco da nossa vila encontrados pelos filhos do padeiro Elias enquanto brincavam numa antiga cisterna seca. Chamava-se Carlitos. Costumava assistir à missa. Benzia enquanto-se ajoelhava com um gesto amplo e quase dançado. Sorria satisfeito quando as beatas velhas lhe afagavam o cachaço como a um potro. Dir-se-ia meigo mas rosnava se não ouvia as respostas ao ofício do seu vizinho do lado. As calças de bombazine gastas davam-lhe um aspecto de trapo.

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