Esta noite a lua redonda cosida à manta do firmamento faz fugir as nuvens apressadas, temerosas do seu império. A rainha dos astros desvenda-se nua e deixa que a contemplemos, entrega-se-nos e nós na nossa mesquinhez não vemos um corpo mas um furo, um grande óculo na tenda da noite. Um grande óculo que nos promete que uma vez levantado o véu uma brilhante e luminosa realidade nascerá para nós, e por isso choramos ao vê-la porque as nossas paixões esvoaçam de noite e é à noite que nos alimentamos. Temos medo do sorriso opressor do sol que ruge de fastio. A lua é nossa mãe.
Tomás Manso
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