26.7.10

O'Malley and Duchess

Se ela não se sente excitada, excito-a eu. Começo com uns jogos de palavras parvos, deixo que ela me vença. Sei bem como é gulosa e rapidamente se entretem deixando-me assistir às suas cabriolices. Gravo todos os seus gestos.

Por vezes presenteio-a com brinquedos novos, um estilete rombo, umas tintas antigas, tecidos novos para cobrir a sua nudez.
Quem nos visse diria que somos porcos vomitando na boca um do outro, partilhando a nossa intimidade na praça pública. Ela sabe da minha fome e da brutalidade dos meus apetites.
Agarro-lhe os braços atrás das costas e violento a sua letargia.
Perante suas infidelidades coro de vergonha mas só perante os estranhos quando nos encontramos na intimidade volto a acariciá-la como um patrão atencioso e dou-lhe de jantar.
Existe tal cumplicidade entre nós que nos rimos das mesmas coisas, choramos com as mesmas lamechices e até nos gabamos de nunca fazermos lista das compras.
Os nossos filhos renascem eternamente jovens basta memorá-los. Se algum dos nossos filhos nos envergonha será mais protegido num castelo teimoso e inexpugnável.
Ajoelho-me perante o seu vulto se ameaça abandonar-me e nunca lhe exijo pressa.
Osculo o seu ventre e louvo a confiança do seu pai nas mãos deste servo em que depositou a sua filha.

Filipe Elites

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