24.5.12

Oh Chelas! Oh Chelas!


Esquecida num canto de Lisboa
és o bairro da igualdade
das vistas do Tejo nos altos dos prédios
a tua espinha de feira
um relógio semanal
uma fartura
ouvem-se os tiros, ouvem-se os negros
um romeno e um baiano
tacanhas avenidas que tentam separar a gente
tuas escolas tristes entre baldios
terra do mundo do continente africano,
europeu e americano,
terra de velhos fadistas
cruzam-te agora os calções hipoppers
terra da rtp do rock in rio e dos ciganos
canaviais ao vento um pobre relvado
terra modernista de células e bairros em letras
um céu de gaivotas imenso
cafés da gente feia e dos arranha céus compridos
das igrejas evangélicas e dos galpões vazios
uma pedrada na vidraça um barracão caído
filha de retornados
em fato de treino encarnado
velhas de sacos
conversas de velhos com velhos
e jovens conversando com drogas leves
cortiço antigo sem filhos
um dia correu em ti um rio e um carreiro de monges beneditinos
escarpas que dás á cidade esboroadas à vista do aeroporto
cidade dentro da cidade altaneira e sombria
teus versos de miséria o governo silencia
tua vontade de chorar o povo desanuvia

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