Qual será o maior terror? Cada tipo de
local tem os seus medos específicos. Quanto mais se nota que o tempo devastou
um lugar, maiores as possibilidades que nele se tenha instalado algum tipo de
malignidade ou bondade, sim refiro bondade que pode ser tanto ou mais assustadora
que as manifestações malignas. A
ancestralidade e a decadência provocam em nós um temor, também tudo que que se
encontre num estado mais selvagem. O desconhecido tem um ascendente sobre nós.
A desordem tem quase sempre algo de desconhecido. A desordem pode dar-se em
vários aspetos, um lugar pode ser muito organizado físicamente, um claustro mas
som estranhos ecoam nas galerias como sons chicotadas extremamente fortes num
ritmo acelarado ou o som de multidões de vozes dando indicações avulsas num tom
monocórdico sem que se saiba de onde vêm as vozes ou se todo o claustro estiver
submerso debaixo de uma água verde ou se ao atravessar o claustro de súbito os
céus se põem num lilás surreal entrecortado por clarões esverdeados ou ainda se
de uma escadaria no centro do claustro que leva às caves começamos a ouvir
alguém que chama em sussurros clementes seria também uma desordem se das portas
que dão para o claustro começassem a sair lentamente várias bestas felinas de
todas as raças que no mundo existem e ao deixarem a sombra das galerias
subitamente se atacassem umas às outras com rugidos ferozes.
Sempre que mudamos de meio sentimos uma
excitação. O hábito dá-nos um controlo cada vez maior sobre o que nos rodeia.
Perder o controlo da realidade é um fracasso ou descuramos a nossa
racionalidade ou perdemos a rédea da nossa emotividade.
(por isso nos provoca repulsa a avistar
súbito de uma serpente, é abstruso um animal sem pernas e que não faz qualquer
som que denuncie a sua presença). Por isso nos assusta profundamente se o
telefone toca a meio da noite, felizmente tenho o sono pesado e nunca fui
perturbado por tamanha irracionalidade.
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