A minha vida são estas águas. Sentia-me
como um cagalhão de pois de darem a descarga, turbilhão e um sistema branco,
duro e frio que se regozija com o meu afogamento. Ficaram só com o meu cheiro
que é como quem diz a minha identidade e recambiaram-me para outro setor na
esperança de nunca mais me voltar a ver. Por isso admiro a boa e velha latrina,
a terra abraça a merda mas constrói algo com ela. Eu trato os outros como
merdas mas abraço-os assumo o seu cheiro e segredo-lhes ao ouvido : “juntos
venceremos”.
Em casa do meu avô havia uma torneira de
descarga sanitária que dizia qiluvio. Em criança eu partia a cabeça tentando
desvendar o significado, pensava porque não seria quiluvio, o que queria dizer,
com os anos deslindei a possibilidade de ser diluvio ao rodar a torneira e
ainda hoje penso na maldita palavra, penso também no diluvio vetero
testamentário quando a ira divina puxou a descarga, talvez esteja próximo uma
nova limpeza da face do planeta. Vários indícios históricos e geográficos
atestam que houve um dilúvio à escala planetária. Recentemente um grupo de
cientistas defendeu que os gases dos dinossauros contribuiram para aquecimento
global. Penso que diluvio tambem contribuiu para uma renovação do ar.
Penso que vi aqui no Rio de Janeiro uma
freira que costumava ir à Missa em São João de Brito. É baixinha e duma velhice
louçã que as pessoas de Deus são conservadas numa espécie de juventude
sorridente, lembro-me que ela costumava fazer a leitura antes da proclamação do
evangelho e muitas vezes fazia a leitura da oração dos fiéis e que na altura de
pedir pelos rapazes e pelas raparigas para que encontrassem a suas vocações,
ela substituia a palavra raparigas por meninas porque raparigas no brasil se
refere a uma mulher prostituta. Lá ia ela na Lapa perto da igreja do Carmo.
Sempre sorridente atrás dos seus óculos redondos.
Se o tempo vai passando cada vez mais
rápido, entreguemo-nos ao tédioe ao desleixo que hão de tornar a nossa vida
mais longa.
Sem comentários:
Enviar um comentário