Agraços olhos sobre os lavradios
ensombram antes da noite os vinhedos
afagam seus dedos de morte frios
os infantes frutos imóveis de medo
serpenteia negro o suor pelos regos
em oclusas levadas de silêncio
envenenando a sede de loucas cepas
as filhas de uma estúpida inocência
Esse fogo tocado com o olhar
não esmorece e decepa os sarmentos
com a inércia em queda milenar
Oh cinza não reveles os seus passos
liberte-se a chuva em pensamentos
amargos e chorem os verdes agraços
medicinal, a farmacopeia etérea
guardada na cavidade da rocha
mergulha com soco violento como cai
a noite. carregam sobre a árvore os
batedores fustigam furiosamente os frutos
na lixívia abrasadora dos rastos
inscritos no bronze, moldam as marmóreas margens
à espadeirada. quem vergará os gonzos...
ajoelho-me violentamente sem esperança,
praias e praias vazias varridas do vento
impiedoso. marés violentas de bronze.
sangra o tronco num impulso de graça
o puro orvalho da manhã de damasco
a noite não nos quer dizer nada, adianta
caminho, cruzamos todo o ouro no terreiro
seco. não chega o espaço, o algodão arde
em fúria, cai o metal do desejo em chuva.
a mãe em busca dos filhos levados no rio,
os seixos do rio cegam na transparência,
afogados em pureza, cegam, aquecem
o peito das crianças expostos ao esbanjamento
do sol, a estocada do escultor no peito da vénus
de calcário cega. sob os arbustos a sombra
das silvas, o xisto que enche a bruma ampara a
frondosidade do carvalho, marca a chegada
da noite final da terra lavrada em torrente
de fogo, o fogo que não se consome.
Anos sobre anos de leito em leito
Sem mover o pó que envolve as coisas
Entre regos silenciado rio estreito
Do segundo que toca mas não poisa
Vogam o horizonte os vagos olhos
Divisando desvendá-lo no vento
Mas se ele amaina e seu sopro perde a voz
Voltam costas em busca do momento
E os passos esses passos dão lhe vantagem
Atravessa as casas praças e ruas
Não sucumbe à paração do pensamento
Foge perdido sem cruzar ninguém
quando muito cruzado a temor por pernas nuas
que as águas crescem no caudal violento
Sem comentários:
Enviar um comentário