O grande motel de vidro espelhado abre as cuecas para
entrarem e saírem os carros, em frente no gramado as silhuetas das estátuas
gregas e as palmeiras imperiais iluminadas por neons roxos e verde-inveja. No grande cartaz um romano chicoteia uma
quadriga com um chicote de neon vermelho. Há volta asfalto e galpões brancos e
cinzentos. Por ali um só prédio
residencial de 3 pisos entrescondia a lua. O lampião frontal tremeluzia uma
insônia freudiana. Uma luz alaranjada no résdochão denunciava uma sombra
cadavérica.
Andava descarnada
sarabandando a ossatura de xaile encharcado perdida na sala de estar cogitando
nos reflexos deformados dos espelhos dos armários, as pranchas do soalho
plangendo como um grasnar da alma da casa, o lamento fraco mas contínuo da
decrepitude. Mira-se e o tempo osteoporoso estilhaça-se entre memórias
embaçadas e uma mistela de oco e murmúrio como o que ressoa nos entreforros
dos salões abandonados.
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