4.7.13

Crochet enfermo

O grande motel de vidro espelhado abre as cuecas para entrarem e saírem os carros, em frente no gramado as silhuetas das estátuas gregas e as palmeiras imperiais iluminadas por neons roxos e verde-inveja.  No grande cartaz um romano chicoteia uma quadriga com um chicote de neon vermelho. Há volta asfalto e galpões brancos e cinzentos.  Por ali um só prédio residencial de 3 pisos entrescondia a lua. O lampião frontal tremeluzia uma insônia freudiana. Uma luz alaranjada no résdochão denunciava uma sombra cadavérica.

 Andava descarnada sarabandando a ossatura de xaile encharcado perdida na sala de estar cogitando nos reflexos deformados dos espelhos dos armários, as pranchas do soalho plangendo como um grasnar da alma da casa, o lamento fraco mas contínuo da decrepitude. Mira-se e o tempo osteoporoso estilhaça-se entre memórias embaçadas e uma mistela de oco e murmúrio como o que ressoa nos entreforros dos salões abandonados.

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