Ao Mário Cesariny
Entre nós e as palavras morre toda a gente
à palavras candeias que seguem à nossa frente
à palavras nevoeiro que se esfumam e não têm limites
e à palavras dentro das palavras que se multiplicam como bolhas de sabão
entre nós e as palavras à poços lavrados na rocha que nos engolem por noites inteiras
por que nos levam por escadas que só descem e que desaguam em esplanadas
onde de longe em longe nos cruzamos com uma pessoa e as paredes não têm forma só escadas que se precipitam na vertigem sem fundamento
à palavras centelhas que nos dão esperança que abrem remansos na cascata dos acontecimentos
são como fotos ou pinturas ou esculturas que nas partes baixas nos dependuramos
á palavras de indústria que nos arrastam em tristeza ritmíca e geométrica exponencial que nos vergam
entre nós e as palavras abruptamente, lágrimas que caem profusas sem entender
formando cascata
entre nós e as palavras futuros que nos furam as palmas das mãos e nos arrastam como grilhões
à palavras aliança que nos laçam em contratos e mentiras se nada as confirma
à palavras mentira que nos envolvem em sufoco e se liquidificam geladamente
entre nós e as palavras à angústia e espanto porque são como milhares de gavetas
entreabertas donde saem baratas, pó e farpas de outras letras
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